CIMO - Capítulos de Livros
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Browsing CIMO - Capítulos de Livros by Author "Aguiar, Carlos"
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- Afloramentos de carbonatos do norte de PortugalPublication . Aguiar, Carlos; Alves, Paulo MiguelA distribuição espacial das plantas é irregular – uma constatação aparentemente trivial que encerra algumas das perguntas de investigação-chave da botânica evolutiva e da ciência da vegetação atual. Que fatores ecológicos explicam a distribuição desigual das plantas e a sua organização em comunidades vegetais? E quais os fatores mais importantes? Disponibilidade de água, características físicas e químicas do solo, perturbação pelo fogo, pela herbivoria ou pelo pisoteio? A correlação entre o substrato geológico e as propriedades do solo e a distribuição das plantas e a estrutura do coberto vegetal tem sido profusamente documentada desde os trabalhos pioneiros dos fundadores da ciência do solo, o russo Vasily Dokuchaev (1846-1903) e, da escola europeia de fitossociologia, o suíço Josias Braun-Blanquet (1884-1980). Os termos calcícola e calcífugo (ou silicícola) são, respetivamente, usados para qualificar uma dicotomia recorrente na ecologia das plantas: as plantas que preferem e estão adaptadas a solos derivados de rochas carbonatadas, de pH neutro a básico, vs., outras, de solos ácidos, pobres em bases (e.g., cálcio e magnésio). Os efeitos ecofisiológicos dos carbonatos e das rochas ácidas são complexos, multifatoriais: além da biodisponibilidade de bases (cálcio e magnésio), envolvem desequilíbrios nutricionais ao nível do solo relacionados com a solubilização (e.g., níveis tóxicos de alumínio e magnésio) ou a precipitação de nutrientes vegetais (e.g., deficiência em fósforo e ferro nos solos calcários), em função do pH (Varennes, 2003). As plantas calcícolas são basófilas – i.e., habitam solos de reação básica (pH > 7) –, mas nem todas as plantas basófilas são calcícolas (Font Quer, 1985); a diferenciação destas duas tipologias ecológicas não tem fronteiras claras, nem sempre é possível.
- Afloramentos ultramáficos do Nordeste de PortugalPublication . Aguiar, Carlos; Monteiro-Henriques, TiagoAs rochas ultramáficas ou ultrabásicas (conceitos quase equivalentes) são um tipo raro de rochas ígneas ou metamórficas de cor escura, pobres em sílica e ricas em ferro e magnésio. Os principais afloramentos nacionais situam-se nos distritos de Bragança e de Portalegre. Encontram-se algumas manchas profundamente meteorizadas (alteradas), sem uma flora peculiar, dispersas pelo Minho. Embora as ultramáficas do Alentejo tenham algumas plantas de inegável interesse florístico, como a Armeria linkiana ou a Reseda virgata, os afloramentos transmontanos são, de longe, os mais diversos em flora e ricos em plantas raras/ameaçadas e em espécies endémicas. As ultramáficas transmontanas repartem-se por dois maciços: maciço de Bragança-Vinhais e maciço de Morais. O bioclima do maciço de Bragança-Vinhais é de tipo supramediterrânico sub-húmido superior a húmido superior. As ultramáficas de Morais estão concentradas no concelho de Macedo de Cavaleiros – são meso a supramediterrânicas e mais secas (ombroclima sub-húmido inferior a húmido inferior) (Figuras 1 e 2). A génese está das rochas ultramáficas resumida na Caixa 1.
- BioclimatologiaPublication . Mesquita, Sandra; Capelo, Jorge; Aguiar, CarlosA bioclimatologia ocupa-se do estudo das relações entre os padrões de temperatura, precipitação e de outros parâmetros climáticos que, condicionando o desenvolvimento das plantas, determinam a distribuição geográfica destas em várias escalas espaciais e, por inerência, a distribuição das comunidades vegetais, dos ecossistemas e dos biomas da Terra. A bioclimatologia, neste sentido, é uma ciência geobotânica de carácter auxiliar que recorre a parâmetros e índices que sintetizam a resultante útil do clima para as plantas, isto é, o bioclima, e permite reconhecer, em distintas escalas espaciais, unidades climáticas uniformes que correspondem a unidades territoriais com conteúdo ecológico uniforme. Dito de forma inversa, a bioclimatologia procura encontrar limiares nos valores dos índices que correspondam às descontinuidades observadas na composição da paisagem vegetal. Deve notar-se que a relação entre o bioclima e a composição das comunidades vegetais pode ser direta, isto é, influir na fisiologia das plantas, ou indireta, interferindo em processos ecológicos complexos, como a competição interespecífica ou a sucessão ecológica.
- Breve história das plantas vascularesPublication . Aguiar, CarlosAs listas e os livros vermelhos de espécies ameaçadas referem-se a grupos taxonómicos (= taxa/táxones, singular taxon/táxon) concretos, no âmbito de um território geográfico específico, frequentemente à escala do país (Collen et al., 2013). Esta organização reflete, em grande medida, a especialização dos floristas e taxonomistas botânicos e da literatura corológica e taxonómica. No que às plantas diz respeito, as algas, os briófitos e as plantas vasculares são, por regra, examinados em listas/ livros vermelhos independentes. O Atlas e Livro Vermelho dos Briófitos Ameaçados de Portugal foi pioneiro em Portugal (Sérgio et al., 2013). A presente Lista Vermelha da Flora Vascular vem colmatar um deficit há muito sentido na avaliação do risco de extinção das plantas vasculares da flora portuguesa.
- Caraterização da regiãoPublication . Cabo, Paula; Aguiar, CarlosO castanheiro Europeu (Castanea sativa Mill.) possui uma larga tradição de cultivo na Europa, particularmente na região Mediterrânica. Na Península Ibérica, a produção de castanheiro está concentrada numa faixa que se estende do Nordeste de Portugal e da Galiza até Navarra (Pereira- Lorenzo & Fernández-López, 2001). Menos importantes são as áreas castaneícolas associadas ao Sistema Central, da Catalunha e das montanhas ácidas da Andaluzia e da Estremadura espanhola. No quadrante noroeste peninsular, o castanheiro perde importância em direção ao litoral; para leste, não penetra na Meseta Norte (Castela-a-Velha). A área de estudo desta publicação engloba o Nordeste de Trás-os-Montes, concretamente os concelhos produtores de castanha dos antigos distritos de Bragança e Vila Real, mais as áreas congéneres na província de Zamora (Comunidade Autónoma de Castela Leão). A cultura do castanheiro é uma atividade económica importante, em especial para regiões montanhosas de baixa densidade, como é o caso do território transfronteiriço das Terras de Trás-os-Montes e de Província de Zamora, cuja importância ultrapassa largamente o seu valor económico, pelo efeito multiplicador na ocupação do espaço rural e proteção da paisagem, na promoção da identidade dos territórios, da gastronomia, e fomento do turismo e industria a jusante.
- Conceitos de fitossociologiaPublication . Capelo, Jorge; Aguiar, CarlosA vegetação é a estrutura biológica resultante da coocorrência das plantas na paisagem. A vegetação é o elemento mais conspícuo e largamente dominante na maioria dos ecossistemas e, em geral, na biosfera: 82% da biomassa terrestre são plantas. Assim, a maioria dos processos ecológicos globais, como sejam os fluxos de energia e os ciclos do carbono, do azoto, do oxigénio e da água, é mediada pela vegetação da Terra. Mesmo em escalas espaciais regionais ou locais, é regra a dominância ecológica da vegetação na maioria dos ecossistemas. A produtividade primária líquida (PPL) de um ecossistema, isto é, o diferencial entre a biomassa criada de novo pela fotossíntese e aquela que é autoconsumida pela respiração, é uma função quase exclusiva da vegetação. Em ecossistemas naturais ou agrícolas tradicionais, que não fazem uso de energia fóssil, toda a produção de biomassa e energia tem origem na PPL gerada pela vegetação. A vegetação é, por inerência, a sede da biodiversidade vegetal: estão catalogadas cerca de 250 000 espécies de plantas com flor (Roskov et al., 2019), num total de 1,3 milhões de espécies de organismos. A vegetação é, ela mesma, o habitat da maior parte da biodiversidade animal, fúngica e de microrganismos. Se incluirmos num conceito alargado de vegetação, para além da natural, aquela que resulta de modificações de ecossistemas naturais pela atividade humana, isto é, a vegetação agrícola, florestal e pastoril, constatamos que a vegetação é o elemento cénico dominante e estruturante da paisagem cultural nos territórios rurais.
- Os contrasPublication . Silva, Joaquim Sande; Sequeira, Eugénio; Catry, Filipe; Aguiar, CarlosMuito tem sido dito e escrito sobre o eucalipto e os eucaliptais em Portugal, embora nem sempre com o rigor que se impõe, de forma a esclarecer os decisores e a opinião pública. Deste modo é importante desmistificar alguns conceitos errados sobre o eucalipto, já que a desinformação contribui sem dúvida para o aumento dos "contras". O discurso a este respeito deve ser baseado em factos cientificamente comprovados e não em ideias preconcebidas, já que só com uma opinião pública bem informada é possível avaliar qual a real postura da sociedade sobre este assunto. É assim importante substituir os discursos carregados de emotividade e subjectividade, por uma análise concreta da situação existem te. No entanto, há que ter em conta que mesmo uma análise objectiva terá que incluir inevitavelmente aspectos subjectivos. relacionados com a sensibilidade e os valores de cada um. Cremos mesmo que uma parte importante da questão passa precisamente por aí. Os valores da sociedade não são estáticos que vão sendo alterados acompanhando a sua evolução
- A distribuição dos pinhais em PortugalPublication . Aguiar, Carlos; Capelo, Jorge; Catry, FilipeA P.pinaster* é uma árvore indígena de Portugal Continental. Tal facto tem sido repetidamente demonstrado por numerosos estudos paleoeco lógicos (de paleopalinologia e análise antracológica). A aceitação do carácter autóctone da P.pinaster é ainda necessária para explicar a dependência funcional de alguns endemismos de distribuição restrita a estas formações florestais, como é o caso da Linária coutinhoi e do Ranunculus bupleuroides. A presença holocénica de P. pinaster no litoral continental português está bem estabelecida para o Norte Alentejano e Estremadura através da subsp. marítima, que certamente se prolongaria para norte pelos sistemas dunares quaternários litorais.
- A floresta e a restituição da fertilidade do solo nos sistemas de agricultura orgânicos tradicionais do NE de Portugal no início do séc. XXPublication . Aguiar, Carlos; Azevedo, JoãoOs relatos de escassez de árvores em Trás-os-Montes remontam ao início da Idade Moderna. No final do séc. XIX, na região, chegou-se a recolher esterco de bovino para produzir calor. As causas da intensa desarborização das paisagens transmontanas, e de todo o mediterrânico, não são consensuais. Com base na bibliografia agronómica regional testaram-se duas hipóteses relacionadas entre si: 1) a agricultura foi o grande motor da desarborização na Terra Fria Transmontana e, implicitamente, das montanhas mediterrânicas; 2) a floresta desapareceu porque ocultava no lenho ou no solo algo que a agricultura sempre necessitou: nutrientes. No início do artigo argumenta-se que a evolução e o desenho dos sistemas orgânicos tradicionais de agricultura foram determinados pela contínua necessidade de reconstruir os níveis de fertilidade das terras cultivadas. Os pequenos herbívoros domésticos desempenhavam um papel crucial na colheita, transporte e deposição dos nutrientes vegetais do monte para as terras de pão. Como a floresta indígena é incompatível com o pastoreio animal, o aumento da procura de alimentos redundou na conversão de floresta em pastagem. Sempre que a reposição da fertilidade da terra entrasse em rutura por falta de pasto (e de floresta para converter em pastagem), o centeio, o principal alimento regional, teria que ser estendido às terras virgens de monte. Um estudo de caso centrado na aldeia de Zedes (Carrazeda de Ansiães), no início da década de 1920, mostrou que o nutrient mining nas áreas de monte era insuficiente para fertilizar as áreas de cultivadas com centeio e que pouco espaço poderia sobrar para a floresta. O crescimento da população ocorrido a partir do final da década de 1930 causou numa expansão do cereal às terras de monte cujas consequências foram bem compreendidas pelos autores regionais.
- Grasslands of the wooded parkland of the South of Portugal, the 'montado'Publication . Capelo, Jorge; Aguiar, Carlos; Coelho, Inocêncio SeitaA specific type of grazed wooded parkland, named ‘montado’ in Portuguese and ‘dehesa’ in Spanish, attains, in Portugal, over a million hectares according to the 2006 Portuguese Forest Inventory. These are more or less sparsely wooded lands, either of live- or cork-oak (Quercus rotundifolia and Q. suber, respectively) (Photo 20, Plate CS14) where an extensive agricultural system with fallow land was established from the Middle Ages, with the largest historical expression since the 19th century. A fairly dense mono-specific tree-layer of oaks was inherited from a former dense natural forest that was either burnt or cleared, increasing the proportion of clearings typically to more than 40% of the area, among evenspaced trees. Tree species other than live- or cork-oaks were eliminated, as well as the shrub, climber and herb-layers. Successional evolution to a meta-stable zoo-anthropic permanent grassland developing underneath the canopy was carried out with sheep grazing, fitted in a cereal-based long and low soil disturbance rotation system. Even-spaced Quercus trees produced large quantities of acorns, between 400 and 700 (1000) kg/ha-1, that were used in pig fattening. In addition, such parklands were managed to produce forest products such as cork, charcoal (from tree pruning), game and more recently, wildlife and ecosystem services associated with biodiversity, leisure and aesthetics.
