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- António Lobo Antunes: a dança das almas mortasPublication . Cardoso, Norberto do Vale Loureiro TeixeiraA morte, é um elemento pendular na construção da obra de Lobo Antunes, nela surgindo de modo obsidiante. Detendo-nos sobretudo em A Morte de Carlos Gardel, o tema da finitude humana é um vector de questionamento da identidade, aproximando-se de representações simbólicas – conectadas com o conceito de Danse macabre –, que, na obra deste autor, são transmutadas. Se na Idade Média a morte surge ligada à peste, tendo visto a sua presença acentuada nas várias artes, em Lobo Antunes mostra-se a partir da guerra, especialmente no segundo romance, Os Cus de Judas, onde a personagem principal conversa com o pretenso fantasma do primeiro soldado morto.
- Escrevendo com os olhos: o pó, o brilho e os sonhos sem suporte em terceira idade, de Mário DionísioPublication . Cardoso, Norberto do Vale Loureiro TeixeiraWhile talking about Mário Dionísio, we must keep in mind his political position, connected with the Portuguese movement Neo-Realismo. However, when reading his poetry, mainly Terceira Idade, we can figure out that Mário Dionísio outlines that the artist goes beyond social, political and artistic movements. The poet has a major role: he must be able to wipe down the dust that covers things and words. Focusing on the surrounding things, the poet uncovers all of the hidden treasures, even if they are from an undesirable past. In any case, they must not be concealed, because the true artist is concerned with what his words are conveying, using reality, memory or fiction to bring on the brightness.
- Suicídios, sudários e autobiografia na obra de António Lobo AntunesPublication . Cardoso, Norberto do Vale Loureiro TeixeiraEvento paulatinamente esquecido, a guerra colonial portuguesa, travada durante década e meia, deixou um pesado lastro naqueles que a fizeram. Na literatura, a obra de António Lobo Antunes será, porventura, aquela que melhor espelha o fenómeno do suicídio como efeito dessa guerra, muito em particular nos primeiros romances, mas reaparecendo num romance mais recente: Não É Meia Noite Quem Quer Aí o suicídio não é apenas físico, mas exílio interior, solidão, fuga, mudez. Seremos ainda, como perspectivou Unamuno, um povo suicida? Ou trata-se agora de uma reavaliação colectiva, absolutamente necessária num tempo que se quer pós-colonial?
- A cidadela inacabada: a contenção emocional em António Lobo AntunesPublication . Cardoso, Norberto do Vale Loureiro TeixeiraTNum estudo intitulado “Um medo por demais inteligente, sobre autobiografias pessoanas”, Américo Diogo e Rosa Sil Monteiro, que consideram que Fernando Pessoa descobre, na interioridade (a que chamam ‘cidadela interior’), uma descoincidência entre a realidade intima e a realidade colectiva, o que gera uma introspecção ou, a bem dizer, uma autobiografia que não é uma “inteligência inibida pelo medo”, mas uma “inibição inteligente”. Pessoa preserva a sua ‘cidadela’ de um exterior no qual não se sente compreendido nem adaptado, concentrando-se no seu trabalho artístico, desenvolvido no seu ateliê (maioritariamente constituído por material inédito) que o conduz ao fingimento e à heteronímia. Esta percepção é deveras importante, uma vez que, na desvalorização do real, se concede “realidade unicamente ao ficcional”.
- As pedras provisórias: fixidez e mobilidade na obra de António Lobo AntunesPublication . Cardoso, Norberto do Vale Loureiro TeixeiraÉ nossa intenção discutir neste artigo os modos como fixidez e mobilidade estabelecem sinergias na obra de António Lobo Antunes. Da personagem marginalizada dos primeiros romances até às mais recentes, que podemos encontrar, por exemplo, em Até Que As Pedras Se Tornem Mais Leves Que A Água, verificaremos que essas duas forças (fixidez e mobilidade) não são apenas tópicos importantes ao longo da obra antuniana, mas que as mesmas revelam modos através dos quais o autor tentar encontrar as ‘palavras certas’. Tendo isto em mente, propomos abordar também a questão da fixação de texto (edição ne varietur: palavras que o autor, por vezes, altera de romance para romance de acordo com uma linguagem própria). Em suma, deveremos questionar-nos: estará realmente tudo em movimento?
- Bestiário da Literatura da Guerra Colonial PortuguesaPublication . Cardoso, Norberto do Vale Loureiro TeixeiraPerscrutando várias obras que tratam o tema do colonialismo e da guerra colonial portuguesa, de entre elas sublinhando a obra de António Lobo Antunes, concluímos não haver uma epopeia que cante, como Os Lusíadas o fazem, o papel do português que combateu nessa guerra. Talvez essa falha de representação (conectada com a urgência em denegar e obliterar as memórias de um tempo em que um país, cuja posição europeia era subalterna, só em África se pensava próspero) derive do facto de o jovem português mobilizado para as colónias africanas não ter tido um papel linear. Efectivamente, a sua acção foi pautada por um desempenho dual, entre a prosperização e o alquebramento de um regime que, por um lado, se sustentava na guerra e, por outro, falhará exactamente através dela. O combatente português desliza para uma hesitação identitária ao nível pessoal e, sobretudo, social, parcialmente resolvida através de um bestiário onde se incluem o lobo e, sobretudo, o cão (imagens que alegorizam a transformação sofrida pelos jovens combatentes). Propomos, pois, que tenha sido na guerra colonial que melhor se tenham espelhado tais binómios: a) a experiência agónica que animaliza (ou canibaliza) o soldado; b) a experiência enquanto conhecimento que o leva a reavaliar a sua identidade individual e, extrapolando, a identidade colectiva.