ESE - Teses de Doutoramento
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Browsing ESE - Teses de Doutoramento by Author "Bergano, Sofia"
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- Ser e tornar se mulher: educação, geração e identidade de géneroPublication . Bergano, Sofia; Vieira, Cristina Maria CoimbraNeste trabalho a educação e formação de pessoas adultas na promoção da igualdade de género assume se como área central para a qual pretendemos dar um pequeno contributo. De acordo como a perspectiva que define a educação de adultos/as num sentido lato, é nossa intenção perceber, através da análise do discurso de mulheres adultas, como é que as questões relacionadas com as aprendizagens de género percorrem as suas vidas, participam na (re)construção da(s) sua(s) identidade(s) enquanto mulheres e justificam as opções e oportunidades que tiveram ao longo do seu trajecto. De acordo com os objectivos do trabalho, a nossa opção metodológica é enquadrável num paradigma de investigação interpretativo. Neste sentido, o recurso a uma estratégia qualitativa de pesquisa justifica se sobretudo pelo objectivo de tentarmos compreender a forma como as pessoas entrevistadas definem o ser mulher e tornar se mulher. Assim, na planificação da nossa investigação empírica, o estudo de casos múltiplos afigurou se como uma opção metodológica que respeita os pressupostos teóricos e epistemológicos que nos orienta nesta interpretação de significados. A escolha de três famílias diferentes, do ponto de vista económico e sociocultural, e a selecção de três mulheres de diferentes gerações (avó, mãe e neta) em cada uma dessas famílias, permitiu nos entrevistar directamente e de forma prolongada nove mulheres de idades muito distintas. A técnica de recolha de dados seleccionada foi a entrevista semiestruturada. Esta técnica permite, de uma forma privilegiada, aceder aos discursos das participantes e recolher informações relativas aos seus sentimentos, opiniões e especificidades das suas vidas, que não seriam acessíveis através de um instrumento de recolha de dados mais estruturado, completamente pré definido pela pessoa do investigador. Com este desenho de investigação pretendemos perceber como as particularidades dos contextos históricos, económicos e socioculturais podem, eventualmente, influenciar a interpretação que as participantes fazem de si enquanto mulheres, e de que modo podem condicionar as possibilidades e oportunidades subjacentes às decisões relativas à gestão das suas vidas. Torna se, assim, também possível averiguar até que ponto se verificam mudanças ou semelhanças entre as três gerações de mulheres relativamente às questões da (re)construção da(s) identidade(s) de género. Esta dissertação encontra se dividida em duas partes. Na primeira – Enquadramento Teórico – é feita a revisão da literatura científica em torno de três aspectos que consideramos fundamentais, a saber: (I) Do sexo ao género: as leituras da diferença entre homens e mulheres; (II) (Re)construção da(s) identidade(s) de género; e (III) Construção social dos estereótipos de género: das interpretações teóricas aos indicadores reais. A segunda parte do trabalho descreve o estudo empírico levado a cabo e está organizada em cinco capítulos, designadamente: (I) Concepção, planeamento e caracterização metodológica da investigação, em que se justificam e fundamentam as opções metodológicas que estruturam o estudo; (II) Metodologia, em que se descrevem pormenorizadamente os procedimentos inerentes à implementação e condução do estudo; (III) Construção das categorias de análise, em que se descrevem a lógica e os procedimentos relativos à análise de conteúdo dos discursos das nossas participantes; (IV) Apresentação dos Resultados, que pretende ser a descrição da informação obtida através das entrevistas, devidamente organizada em função das categorias de análise definidas; e, por fim, (V) Nascer menina, tornar se mulher, que procura ser uma síntese interpretativa, construída a partir dos discursos das participantes. No que concerne às principais conclusões do nosso estudo, parece nos importante realçar que tanto a pertença a diferentes gerações como a pertença a diferentes grupos socioculturais e económicos parecem diferenciar as nossas participantes, relativamente às motivações para trabalhar fora de casa, à divisão das tarefas domésticas, à interpretação das diferenças entre homens e mulheres e aos sentimentos associados a estas diferenças. No entanto, parece não haver muitas diferenças intergeracionais ou de pertença social no que respeita à valorização da maternidade, que é definida por todas as participantes como sendo o papel mais importante na vida das mulheres, à atribuição à mulher das tarefas domésticas e de cuidado com os/as filhos. Um outro aspecto que emergiu da análise dos discursos das nossas participantes é a prevalência, mais ou menos implícita, de estereotipias de género relativamente às escolhas profissionais, às características psicológicas atribuídas a homens e a mulheres e à valorização das características tidas como masculinas. No seguimento destas constatações, consideramos que a educação de pessoas adultas se assume como uma estratégia fundamental para a promoção da igualdade de género, no sentido de eliminar todas as formas de discriminação (de género ou outras) ainda vividas por mulheres e homens em diferentes esferas da vida.