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  • A coexistência e influência recíproca das culturas judaica e católica numa aldeia da raia transmontana
    Publication . Guerreiro, Carla Alexandra do Espírito Santo; Santos, Lídia
    A nossa comunicação pretende explorar a coexistência de duas culturas religiosas (judaica e católica) e suas implicações na educação infantil, na aldeia de Lagoaça, distrito de Bragança (Nordeste Trasmontano), nos finais do século XIX. Para além de uma abordagem sociocultural à sociedade rural agrária, do interior norte de Portugal, o texto centrar-se-á especialmente na análise e reflexão sobre alguns dos hábitos culturais mais relevantes da comunidade judaica, constituída pelos judeus expulsos de Castela e Leão pelos reis católicos, Fernando e Isabel, e por aqueles que decidiram permanecer em Portugal após o édito real de D. Manuel I, o qual obrigava todos os judeus e muçulmanos residentes em Portugal a abandonarem o país ou a converterem-se ao cristianismo. Muitos foram os que resolveram permanecer e, mesmo oficialmente convertidos, não deixaram de dar continuidade às suas práticas religiosas dentro de portas, refletindo-se estas na educação dos seus descendentes. Os chamados “cristãos-novos” impregnaram uma dinâmica comercial e cultural a Lagoaça, integraram-se social e culturalmente na comunidade aldeã e conseguiram educar os seus filhos simultaneamente em duas religiões distintas, fazendo a conjugação de crenças, ideais e perspetivas diferentes para serem e se sentirem comunitariamente aceites, por um lado, e também para que as suas raízes não se perdessem no tempo ou diluíssem numa comunidade profundamente católica. A discussão versará sobre a dualidade cultural e religiosa (indissociavelmente presentes no nosso trabalho) na e para a educação infantil na época mencionada e basear-se-á na recolha de relatos orais sobre esta temática, bem como em documentos analisados que relatam a vida da sociedade, no interior do país e particularmente nesta aldeia do nordeste trasmontano, no século XIX. Basear-nos-emos também como sustentáculo teórico, em estudos realizados por especialistas em cultura e religião mosaica na península ibérica, nomeadamente na zona fronteiriça, que nos ajudarão a compreender o caráter complexo e polifacetado da comunidade judaica, do séc. XIX, nomeadamente, no que respeitava à instrução.
  • II Encontro Internacional de Língua Portuguesa e Relações Lusófonas: livro de resumos
    Publication . Teixeira, Carlos (Ed.); Gonçalves, Vitor (Ed.); Fernandes, Paula Odete (Ed.); Rodrigues, Alexandra Soares (Ed.); Guerreiro, Carla Alexandra do Espírito Santo (Ed.); Santos, Lídia (Ed.)
    O presente livro contém os resumos das comunicações (orais e em poster) enviados ao II Encontro Internacional de Língua Portuguesa e Relações Lusófonas (LUSOCONF2019), organizado pelo Instituto Politécnico de Bragança, através da sua Escola Superior de Educação de Bragança e em parceria com a Câmara Municipal de Bragança, nos dias 17, 18 e 19 de outubro de 2019. O LUSOCONF2019 continua a ser um espaço de discussão sobre a Língua Portuguesa no mundo e acerca de múltiplas problemáticas relevantes no âmbito dos espaços e relações lusófonos. Valorizando um olhar plural, o LUSOCONF apresenta-se e quer construir-se como um Encontro Internacional aberto a uma multiplicidade de intervenções (como se evidencia nos eixos temáticos propostos). A amplitude temática que carateriza o LUSOCONF está atestada nos seus eixos temáticos, sendo que, este ano, se acrescenta a abordagem a temas relativos à área da saúde. O leque de conferencistas convidados assegura a este encontro internacional uma diversidade de perspetivas, celebrando a multiculturalidade que nos enriquece e afirmando a vontade de vivermos em comum, ancorados no desejo de (nos) conhecer(mos) e no espírito de colaboração, como condições para um mundo mais humano. Esta visão holística do mundo lusófono e seus desafios leva-nos a reiterar a afirmação do LUSOCONF como um espaço desenhado para a partilha e a interação, pelo que voltamos a lançar um Call for arts, favorecendo a divulgação e a edição de trabalhos artísticos sobre o mundo lusófono. Entre outras reflexões, como a do papel da CPLP nas políticas relativas ao desenvolvimento sustentável e na nova configuração geopolítica do mundo, o LUSOCONF2019 propõe um debate acerca do valor internacional da língua portuguesa. Recorde-se que, de acordo com Simons e Fennig (2018), em Ethnologue: Languages of the World (21.ª edição, versão online: http://www.ethnologue.com), a Língua Portuguesa é atualmente falada por 236 512 000 indivíduos, sendo língua materna para 222 708 500 e língua segunda para 13 803 500 indivíduos. Como é claramente evidenciado na Mesa Redonda, o LUSOCONF assume como relevante o diálogo entre o discurso académico e o mundo dos negócios numa lógica de valorização do empreendedorismo, ético e responsável tanto em termos sociais como ambientais. Pretendemos, pois, um LUSOCONF2019 que, colocando o mundo lusófono numa indelével abertura ao multiculturalismo, reflita com profunda seriedade sobre a diversidade dos problemas humanos e naturais, fortalecendo a esperança de que o projeto lusófono, mais do que uma miragem (para usarmos um termo lourenciano), se consolide como efetiva rede – porisso sem centro nem periferias – em interação com a rede global. Valorizando a confraternidade que nos é conferida, antes de mais, pela partilha da língua portuguesa, tem de nos unir o reconhecimento e a clara aceitação de que somos legitimamente diferentes. Os investigadores da língua portuguesa e os que se debruçam sobre os problemas referentes ao seu ensino, bem como todos aqueles que se dedicam a áreas de relevância no âmbito das relações lusófonas, como: educação, cultura, literatura, artes, história, geografia, política, direito, economia, gestão, marketing, contabilidade, agricultura, turismo, ambiente, saúde e desenvolvimento sustentável, foram convidados a submeter trabalhos de reflexão e de investigação ao LUSOCONF2019. A diversidade e a qualidade de propostas apresentadas para os vários eixos temáticos constituem evidência da abrangência deste Encontro Internacional no qual se cruzam múltiplos olhares no mesmo desígnio de pensar, com rigor e profundidade, a lusofonia e os seus problemas, bem como as oportunidades de incremento das relações lusófonas. A finalizar esta breve nota de apresentação, a Comissão Organizadora agradece aos conferencistas convidados e a todos os investigadores que participaram no LUSOCONF2019.
  • Literatura clássica de potencial receção infantil na transmissão de valores
    Publication . Guerreiro, Carla Alexandra do Espírito Santo; Santos, Lídia; Vaz, Paula Marisa Fortunato
    O presente estudo insere-se num projeto de investigação internacional mais amplo, a decorrer entre fevereiro e junho de 2017. Neste contexto, os objetivos delineados assentam na necessidade de ver melhor consolidadas perceções que apontam para uma ligação estreita entre a literatura de potencial receção infantil e a construção pessoal de valores. Pretende, então, perceber-se como é que a literatura clássica para a infância veicula valores e contribui para a construção pessoal dos mesmos. Assim, fez-se previamente uma escolha apurada de um corpus textual de cariz clássico. Recorrendo a uma metodologia qualitativa e mais concretamente à análise documental, partiu-se da tipologia de valores apresentada por Schwartz e Sagiv e analisaram-se de forma minuciosa os contos selecionados, mais concretamente os contos dos Irmãos Grimm: ”O Pássaro Dourado”; ”O Pescador e a sua Mulher”; ”Põe-te-Mesa, Asno de Ouro e Cacete-Sai-do-Saco”. Trazem-se agora à discussão resultados preli- minares desta análise, bem como a necessária re exão. Nesta re exão enfatiza-se a importância do conhecimento e da utilização destes contos por parte de futuros educadores de infância e professores do ensino básico na sua prática pedagógica, na promoção de valores e, consequentemente, na educação para o desenvolvimento.
  • Valores humanos emergentes em obras de literatura clássica de potencial receção infantil
    Publication . Guerreiro, Carla Alexandra do Espírito Santo; Santos, Lídia; Vaz, Paula Marisa Fortunato
    O presente estudo insere-se num projeto de investigação conjunto que envolve docentes de duas instituições de ensino superior, uma Portuguesa e outra Brasileira, a decorrer entre fevereiro e junho de 2017. Neste contexto, pretende-se, primeiramente, perceber que valores humanos emergem de um conjunto de obras de literatura clássica de potencial receção infantil previamente selecionadas. Assim, fez-se uma escolha apurada de um conjunto de obras de literatura para a infância de cariz clássico, mais especificamente, dos contos de Hans Christian Andersen, a saber: “As flores da Idinha”; “O abeto” e “O rouxinol”. No contexto de uma metodologia qualitativa, procedeu- se a uma análise minuciosa destas obras ao nível literário, estilístico, bem como ao nível dos valores humanos emergentes nos mesmos. Os contos foram posteriormente trabalhados através de duas estratégias narrativas - a representação e a leitura oral - por parte dos alunos do 2.o ano da Licenciatura em Educação Básica, com um público constituído por crianças dos 3.o e 4.o anos de escolaridade de um agrupamento de escolas do norte de Portugal. Após este trabalho, decorreu a exploração de cada conto através do estabelecimento de um diálogo alargado moderado pelos alunos da referida licenciatura e uma das investigadoras. Neste diálogo realizou-se o registo áudio, devidamente autorizado, das respostas dos alunos às questões levantadas, que foram previamente delineadas com o objetivo de auscultar as perceções dos alunos acerca dos contos, nomeadamente, no que concerne aos valores subjacentes. Trazem-se agora à discussão os resultados preliminares deste estudo.
  • Grandes obras para pequenos leitores: estética e ética na literatura portuguesa contemporânea de potencial receção infanto-juvenil
    Publication . Guerreiro, Carla Alexandra do Espírito Santo; Gomes, João; Santos, Lídia
    O projeto de investigação/ação, cujo resumo apresentamos, apesar de ainda não estar concluído, encontra-se em fase adiantada de execução. Na sua implementação, estabelecemos uma parceria com o Serviço Educativo do Museu do Abade de Baçal, em Bragança, sendo este dinamizado pelos alunos do 2.º ano da Licenciatura em Educação Básica da Escola Superior de Educação de Bragança, no âmbito das Unidades Curriculares (UCs): Literatura para a Infância e Expressão Dramática, tendo previsto como tempo de duração, o segundo semestre de 2016. O projeto tem por objetivo dar a conhecer aos alunos (futuros Educadores e Professores do 1.º Ciclo) obras escritas por autores de referência do panorama literário lusófono, que se distinguem na literatura para adultos, mas cuja qualidade do corpus textual de potencial receção infanto-juvenil, nos merece particular atenção. O nosso objetivo é proporcionar aos alunos do 2.º ano do Curso de Educação Básica trabalhar as obras, do ponto de vista literário e artístico, transformando os textos narrativos em textos dramáticos, que serão levados a cena, no mês de junho, em várias instituições escolares do 1.º Ciclo do Ensino Básico da cidade de Bragança. O Serviço Educativo do Museu do Abade de Baçal terá uma colaboração da maior importância, uma vez que ajudará a articular a vertente literária com a vertente estética/artística e fará o contacto com as instituições escolares, ministrando duas formações, essenciais aos alunos da ESEB, que lhes permitirão implementar o projeto. Este Serviço Educativo munirá os alunos da ESEB das ferramentas estéticoartísticas necessárias para que as dramatizações se possam concretizar. Pretendemos também dar a conhecer a escrita (estética) e as mensagens (ética) presentes nas obras supramencionadas, permitindo às crianças destinatárias expressar as suas opiniões e emoções, após as atividades desenvolvidas, através de uma variedade de registos que não se limite à leitura e exploração oral/escrita ou até mesmo gráfica em contexto de sala de aula. Para aferirmos resultados, além das observações levadas a cabo, bem como registos fotográficos e notas dos alunos da ESEB, escolhemos outros instrumentos de registo, nomeadamente, grelhas de registo e questões que permitirão aos alunos dinamizadores e aos supervisores verificar o cumprimento dos objetivos.
  • II Encontro Internacional de Língua Portuguesa e Relações Lusófonas: livro de atas
    Publication . Teixeira, Carlos (Ed.); Gonçalves, Vitor (Ed.); Fernandes, Paula Odete (Ed.); Rodrigues, Alexandra Soares (Ed.); Guerreiro, Carla Alexandra do Espírito Santo (Ed.); Santos, Lídia (Ed.)
    O Lusoconf é um Encontro Internacional que tem a língua portuguesa como ponto charneira de múltiplas reflexões acerca do mundo lusófono. Este mundo, dentro de um mundo que a pós-modernidade vai desenhando como uma estrutura reticular, é inevitável e intrincadamente complexo com locais/momentos de turbulência e outros de silêncio. “O silêncio é que fabrica as janelas por onde o mundo se transparenta” – escreveu Mia Couto. Não noa atrevemos a contradizê-lo. Porém, temos de reconhecer a necessidade de uso da palavra e da sua partilha. A necessidade desse mergulho numa outra transparência que é a das palavras. Os textos que se reúnem neste volume constituem uma partilha do nosso saber acerca da língua portuguesa e acerca de múltiplos problemas que se levantam no âmbito das relações lusófonas. Os desafios colocados aos países de língua oficial portuguesa são grandes. A mobilidade de pessoas e particularmente de estudantes é um dos que têm relevância para as instituições de Ensino Superior. Na verdade, a relação entre estes povos tem de ser considerada na sua multiplicidade e, se queremos construir-nos como uma verdadeira comunidade de povos, temos de valorizar a língua portuguesa como um ativo comum e temos, igualmente, de reconhecer a necessidade de erguer outras pontes para além da identidade linguística (em muitos casos bem pouco firme e firmada). E, já agora, convém clarificar que a questão das relações lusófonas não se restringe aos países da CPLP, na medida em que há, em todos os continentes, comunidades de falantes de língua portuguesa, para as quais é necessário consertar um conjunto de ações, sempre inócuas se faltar o investimento no ensino do Português e uma sustentada estratégia de valorização da língua. Este é um desafio, tal como o é, por exemplo, a educação para o desenvolvimento sustentável. Estes são alguns dos tópicos que se desenvolvem ao longo destes textos. Os desafios são grandes e pode-nos parecer que a seara é sáfara. Importa, porém, ter a força, o engenho e a arte, para transformar dificuldades em oportunidade e para encarar a dissensão como oportunidade de diálogo e de conhecimento, de entendimento e de compromisso. O caminho para a multiculturalidade, responsável, livre, plena e eticamente assumida, é um dos nossos maiores desafios cuja concretização depende da proatividade de todos nós. Apesar das diversas e seguramente justas motivações, há um desígnio comum a unir-nos neste Encontro: o de lutarmos por um mundo de igualdade de oportunidades para que nenhum ser humano sinta culpa do nascer. Não podemos ser indiferentes aos sinais de alastramento de ideologias extremistas que fazem renascer movimentos nazis ou de extrema-esquerda. Estes são movimentos que vão muito para além da questão política – a qual não pode ser menosprezada – por serem fenómenos sociais e culturais de grande amplitude. Nós, que apaixonadamente procuramos o conhecimento e a compreensão do outro que é diferente, temos de ser forças de promoção da vivência democrática e de defesa de um verdadeiro humanismo universalista. Nesta linha, o Lusoconf tem, evidentemente, as suas especificidades. Em primeiro lugar, porque reúne várias áreas de investigação entre as quais o diálogo é tão raro (num mundo onde se supervalorizam as especializações). A leitura dos trabalhos aqui reunidos é prova deste encontro. A especificidade do Lusoconf passa também pelo conseguir trazer até nós representantes institucionais de outros países lusófonos, fortalecendo laços e reavivando a vontade de fazermos mais e melhor. O Lusoconf é ainda singular porque a sua organização, além de envolver as cinco escolas do IPB, é feita em colaboração com a Câmara Municipal de Bragança. Esta é uma parceria que queremos sustentar e ver crescer. Em Traço de União, Miguel Troga escreveu que “O universal é o local sem paredes”. É assim que apresentamos o Lusoconf. E, por falarmos em poetas, recordamos um excerto de um poema do escritor angolano João Melo que, em “Crónica verdadeira da língua portuguesa”, a apresenta assim: suave e discreta, debruçada sobre a varanda do tempo, o olhar estendendo-se com o mar e a memória, deliciando-se comovida com o sol despudorado ardendo nas vogais abertas da língua, violentando com doçura os surdos limites das consoantes e ampliando-os para lá da História. Não sabemos o que nos oferecerá a História. Afinal, os humanos nunca foram bons a prever o futuro. Parafraseando as palavras que o Sr. diretor da ESE escreveu para a página do Encontro, esperamos que o LUSOCONF possa prosseguir a aventura do conhecimento, compreendendo a diferença e a semelhança de ser-se humano, neste mundo que é de todos. A finalizar esta breve nota de apresentação, a Comissão Organizadora agradece a todos os que tornaram possível o LUSOCONF2019 e, em particular, aos conferencistas convidados e a todos os investigadores que nele participaram.
  • I Encontro Internacional de Língua Portuguesa e Relações Lusófonas: LUSOCONF2018: livro de atas
    Publication . Araújo, Carla Sofia (Ed.); Teixeira, Carlos (Ed.); Falcão, Cecília (Ed.); Santos, Lídia (Ed.); Fernandes, Paula Odete (Ed.); Gonçalves, Vitor (Ed.)
    A Língua Portuguesa une milhões de seres humanos dispersos pelo mundo. De acordo com Simons e Fennig (2018), em Ethnologue: Languages of the World (21.ª edição, versão online: http://www.ethnologue.com), a Língua Portuguesa (LP) é atualmente falada por 236 512 000 indivíduos, sendo língua materna para 222 708 500 e língua segunda para 13 803 500 indivíduos. Estes dados provam que o Português é uma das línguas mais faladas do e no mundo, entre as 7097 línguas atualmente vivas. Seja qual for a leitura que se faça do passado, a verdade é que esta partilha da mesma língua, elemento fundamental da construção da nossa história e fator primordial da afirmação da nossa identidade, não pode deixar de ser uma oportunidade com futuro. A comunidade dos países falantes de LP é uma realidade incomparável a qualquer outra. Das línguas que se repartiram pelo mundo, aquando da primeira mundialização ocorrida na passagem do século XV para o XVI (o mais fascinante momento da história recente da humanidade), o Português é a única que cumulativamente apresenta as seguintes caraterísticas: • está presente nos blocos continentais de leste a oeste; • não há, na CPLP, países com fronteiras partilhadas; • todos esses países têm uma significativa orla marítima. É uma língua verdadeiramente repartida pelo mundo, impondo-nos o respeito ético pela diversidade e a compreensão de que essa diversidade só nos engrandece. O português é uma língua internacional, mas isso de modo algum implica que seja uma língua culturalmente desenraizada… bem pelo contrário. Pertencendo a países banhados por vários oceanos, é uma língua líquida. Olavo Bilac, no soneto «Língua Portuguesa», cantou o seu aroma a “oceano largo”. Irmanando a nossa voz à voz poética, todos podemos declarar o nosso amor a esta língua: “Amo o teu viço agreste e o teu aroma / De virgens selvas e de oceano largo”. Vêm-nos à memória as palavras de Vergílio Ferreira quando, em «A voz do mar» (texto lido pelo autor em 1991), afirmou: “Da minha língua vê-se o mar. Na minha língua ouve-se o seu rumor como na de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi em nós a da nossa inquietação”. Que se valorize, pois, o dinamismo da língua e não a sua inércia. Um dinamismo evidente nas suas cantantes possibilidades fonológicas, nas suas castiças variações morfológicas e lexicais, na flutuação da sua sintaxe, nas riquezas da sua semântica e na sua plasticidade pragmática. Já todos ouvimos a frase de Bernardo Soares: “A minha pátria é a língua portuguesa” e conhecemos várias glosas, como a de Mia Couto: “A minha pátria é a minha língua portuguesa”. Vamos aventurar-nos e dizer que “Nós somos a pátria da língua portuguesa”. Por isso, ela irá onde nós formos. É em nós que ela vive. Sem quixotescos idealismos e sem percutir a pérfida corda do patriotismo exacerbado, podemos, e acreditamos que devemos defender a Língua Portuguesa como língua internacional na arte e na ciência, na cultura e nos negócios e em todas as áreas das relações internacionais. Os ventos não estão propriamente de feição e nós não os podemos controlar… mas podemos ajustar as velas e acreditar que ainda há ilhas desconhecidas e que a aventura vale a pena. Em 2018, o LUSOCONF lançou-se à (a)ventura. Ele irá onde todos nós o levarmos. Haja coragem e engenho e que os ventos lhe sejam favoráveis!
  • Literatura clássica de potencial receção infantil na construção de valores
    Publication . Guerreiro, Carla Alexandra do Espírito Santo; Santos, Lídia; Vaz, Paula Marisa Fortunato
    O presente estudo insere-se num projeto de investigação internacional mais amplo, a decorrer entre fevereiro e junho de 2017. Neste contexto, os objetivos delineados assentam na necessidade de ver melhor consolidadas perceções que apontam para uma ligação estreita entre a literatura de potencial receção infantil e a construção pessoal de valores. Pretende-se, então, perceber como é que a literatura clássica para a infância veicula valores e contribui para a construção pessoal dos mesmos. Assim, fez-se previamente uma escolha apurada de um corpus textual de cariz clássico. Recorrendo a uma metodologia qualitativa e mais concretamente à análise documental, partiu-se da tipologia de valores apresentada por Schwartz et al. (2012) e analisaram-se os contos selecionados, mais concretamente os contos dos Irmãos Grimm: ”O Pássaro Dourado”; ”O Pescador e a sua Mulher”; ”Põe-te-Mesa, Asno de Ouro e Cacete-Sai-do-Saco”. Trazem-se agora à discussão resultados preliminares desta análise, bem como a necessária reflexão. Nesta re exão enfatiza-se a importância do conhecimento e da utilização destes contos por parte de futuros educadores de infância e professores do ensino básico na sua prática pedagógica, na promoção de valores e, consequentemente, na educação para o desenvolvimento.
  • I Encontro Internacional de Língua Portuguesa e Relações Lusófonas: livro de resumos
    Publication . Araújo, Carla Sofia (Ed.); Teixeira, Carlos (Ed.); Falcão, Cecília (Ed.); Santos, Lídia (Ed.); Fernandes, Paula Odete (Ed.); Gonçalves, Vitor (Ed.)
    O I Encontro Internacional de Língua Portuguesa e Relações Lusófonas (LUSOCONF2018) será um tempo e um espaço de partilha e de construção de conhecimento sobre as mais diversas áreas. A lusofonia, porém, é o seu elemento identitário. Vários apontaram a importância da relação entre o conhecimento e a língua. Entre nós, Raúl Brandão foi certeiro: «[…] o que nos vale são as palavras, para termos a que nos agarrar». O LUSOCONF viverá do conhecimento, mas, também, desse particular som e sentido das palavras da língua que nos une e que nos expande. Não uma língua perfeita, mas a língua das nossas relações, a língua com que trocamos conhecimento, a língua com que nos entendemos e entendemos o mundo, a língua que dá voz aos nossos sonhos e à nossa esperança. Até lá!
  • Da integração social e académica dos alunos ERASMUS em Bragança: estudo diacrónico
    Publication . Santos, Lídia; Castanheira, Luis
    No contexto académico e cultural europeu, dentro do qual o programa de Mobilidade Estudantil Erasmus se pretende destacar, são muitos os desafios que se impõem, não só aos alunos que por ele optam, mas também às instituições de ensino superior que os acolhem e que se debatem pela sua integração a vários níveis. Tratando-se de um programa de reconhecida importância académica, é cada vez menos questionável o seu pendor cultural nacional e principalmente local, social e intelectual na formação desses alunos. Sobre este aspeto, os objetivos gerais do programa Erasmus são claros, uma vez que se pautam pelo desenvolvimento de competências nos domínios da educação, da formação, da juventude e do desporto, bem como pelo desenvolvimento de competências pessoais e profissionais. O multilinguismo é uma das pedras angulares do programa Erasmus e um símbolo da União Europeia para a união e para a diversidade. As competências linguísticas, sociais e culturais desempenham um papel de destaque entre todas as que ajudarão a preparar os alunos para o mercado de trabalho. A promoção do ensino das línguas e da diversidade cultural e social é um dos objetivos principais desta mobilidade de alunos. Assim, no estudo proposto agora para discussão estabelecem-se como objetivos: a) conhecer a realidade de mobilidade Erasmus dos alunos Incoming provenientes de outros países para frequentarem o Instituto Politécnico de Bragança; b) averiguar o seu processo de integração na instituição e ao nível local; c) perceber as dificuldades sentidas ao nível social, linguístico e cultural. Como metodologia do trabalho recorreu-se à aplicação de um inquérito (aplicado entre abril e junho de 2018) com questões abertas e fechadas aos alunos em mobilidade Erasmus Incoming em Bragança para o ano letivo 2017/2018 para se perceber o seu processo de integração no Instituto Politécnico de Bragança e na cidade. Para análise e apresentação dos resultados privilegiamos a análise de conteúdo, cujas categorias emergiram dos dados apurados. Exploram-se, assim, neste estudo, cada uma das dimensões referidas e demonstra-se que, entre outros aspetos, a diversidade cultural poderá ser encarada, em primeiro lugar, como fator de desenvolvimento e mobilidade social e humano e, em segundo lugar, mas sem menos importância, como desenvolvimento de competências académicas, culturais e linguísticas que preparam os alunos para as exigências da integração no mercado de trabalho.