Escola Superior Agrária
Permanent URI for this community
Browse
Browsing Escola Superior Agrária by Subject "10-HD"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Otimização das condições de produção da geleia real e avaliação de parâmetros da qualidade do produto finalPublication . Lopes, Catarina Leonor Afonso do Vale; Vilas-Boas, MiguelA geleia real, o alimento exclusivo da abelha rainha durante toda a sua vida, é uma segregação aquosa produzida pelo sistema glandular cefálico das abelhas obreiras amas. Apresenta uma consistência macia esbranquiçada, de natureza ácida e cheiro característico com um pH de 4,5 e uma composição em açúcares semelhante à do mel. Na sua composição, para além da água, encontram-se várias vitaminas, minerais, e um conjunto de proteínas com elevada atividade fisiológica onde se inclui a “royalactin”, uma hormona que intervém na regulação do crescimento, desenvolvimento, metamorfoses e é responsável pela diferenciação entre a abelha rainha e as abelhas obreiras. Para além das proteínas, a geleia real contém também um ácido gordo bastante raro na natureza, o 10-hidroxidec-2-enóico (10-HDA), uma substância com elevada atividade farmacológica e que é utilizada também como um marcador da qualidade do produto. A sua quantificação é utilizada como critério importante na sua classificação em termos de qualidade e para fins comerciais podendo variar de acordo com a origem da geleia real. A produção de geleia real ocorre de forma natural no interior da colmeia quer para a alimentação das larvas na sua fase de desenvolvimento inicial quer no processo de substituição/reposição da abelha rainha. A produção nestas condições é muito limitada, pelo que a sua exploração comercial requer a aplicação de procedimentos próprios. Estes procedimentos baseiam-se na aptidão de famílias órfãs, para criarem novas mestras, fornecendo à colónia um conjunto de condições para a formação de um elevado número de alvéolos reais onde as abelhas ama colocarão geleia real, a qual será recolhida num espaço de 48 a 72 horas. O aumento da procura no mercado deste produto apresenta-se como uma possibilidade do apicultor aumentar a sustentabilidade e rentabilidade da exploração. Este trabalho, realizado numa colaboração entre o Laboratório da Universidade de Aristóteles de Salónica na Grécia e a Escola Superior Agrária de Bragança, teve como objetivo avaliar a produção de geleia real em diferentes condições experimentais, utilizando colónias não-órfãs, bem como analisar os parâmetros de qualidade da geleia real produzida. Para a produção de geleia real foram preparadas nove colónias não-órfãs, divididas em três grupos com um efetivo de abelhas e reservas previamente harmonizado. Cada colónia foi constituída por um ninho e uma alça, separados por uma grade excluidora, mantendo-se a abelha rainha confinada no ninho. Num dos grupos foi colocado na alça um quadro com 60 cúpulas para a produção de geleia real. Nos restantes dois grupos foi adicionada uma segunda grade excluidora no ninho, permitindo confinar a rainha em apenas metade do ninho, colocando-se na outra metade um segundo quadro com cúpulas, totalizando em três colónias 90 cúpulas e nas restantes três, 120 cúpulas. A cada três dias, as cúpulas foram enxertadas com ovos do dia, recolhendo-se a geleia real ao final de 72 horas. A avaliação da produtividade dos três grupos realizou-se em 20 sessões entre os meses de maio e julho, através da contabilização do nível de aceitação dos enxertos e da quantidade de geleia real produzida. Entre o início do estudo em maio e os primeiros dias do mês de julho, a produtividade de geleia real manteve-se aproximadamente constante sofrendo uma quebra significativa na produção a partir do meio de julho, o que estará associado com a diminuição das condições adequadas ao desenvolvimento da colónia, nomeadamente de disponibilidade de alimento e aumento das temperaturas. O nível médio de aceitação global dos enxertos foi de 57% observando-se uma redução para as colmeias com maior número de cúpulas. Este decréscimo foi mais evidente com a passagem de 90 para 120 cúpulas por colmeia. O comportamento observado ao nível da produtividade também diminuiu com o aumento do número de cúpulas por quadro, no entanto, a redução entre o grupo de 60 e 90 cúpulas foi muito reduzida, obtendo-se nestes casos 0,25 g por cúpula. Considerando a produção média por cúpula e o grau de aceitação dos enxertos, verifica-se que a metodologia mais adequada para a produção de geleia real é a introdução de 90 cúpulas, atingindo-se para este grupo o valor máximo de produção de geleia real com 788 g. A avaliação da qualidade de geleia real foi efetuada em seis amostras às quais se adicionou uma amostra de geleia real obtida em Portugal. Os teores em humidade oscilaram entre 58-68 % e as cinzas entre 3-4 %. A frutose e glucose, sendo os açúcares maioritários na geleia real, tiveram valores entre 10-18 %, tendo o total de açúcares oscilado entre 33-41 %. O teor proteico das amostras revelou valores elevados atingindo os 43 %. Para o ácido 10-hidroxidec-2-enóico, reconhecido como o componente mais bioativo da geleia real, foram encontrados valores entre 5-7 %. Estes valores estão todos de acordo com teores recomendados.