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A educação literária: uma apologia da leitura
dc.contributor.author | Teixeira, Carlos | |
dc.date.accessioned | 2018-04-30T09:37:30Z | |
dc.date.available | 2018-04-30T09:37:30Z | |
dc.date.issued | 2016 | |
dc.description.abstract | Numa crónica intitulada “Poesia em tempos de indigência”, Manuel António Pina (2010, p.71), registava que, “em tempos como estes, de usura, há algo de inquietante e de escandaloso no mistério gratuito da poesia”. E, de seguida, perguntava: “porque continuam os homens a escrever poesia? E porque continuam outros homens, desrazoavelmente, a escutá-la?”. Alargando o horizonte do nosso olhar, ou seja, passando da poesia a todas as formas literárias, propomo-nos fazer uma reflexão a partir da desafiante questão: porque continuamos, mulheres e homens, mais velhos ou mais jovens, a ler literatura? Conscientemente, procuraremos uma – a nossa – resposta a esta questão a partir do nosso lugar (locus) de leitor, reconhecendo que o leitor está sempre em mais lugares do que o contingente “aqui e agora”. Nesta era da globalização e de um crescente imperialismo da tecnologia, nomeadamente das designadas tecnologias de informação e comunicação (TIC), é frequente o discurso académico lamentar a má relação das novas gerações com a grande literatura mundial. A reflexão desenvolvida por Mário Vargas Llosa (2012), em A civilização do espetáculo, é um acabado exemplo desse desencanto. A crise das humanidades tornou-se mesmo um tópico central em várias análises da sociedade, da cultura e, mais especificamente, dos sistemas de ensino. Segundo Martha Nussbaum (2010), a crise das humanidades é mesmo a maior crise que hoje enfrentamos. Não queremos alinhar em discursos escatológicos, anunciadores do fim da cultura. Bem pelo contrário, acreditamos que o “estar-em-crise” é, de algum modo, essencial às humanidades e, mais especificamente, à literatura. Esta perceção não nos impede de reconhecer a imperiosidade de desenvolver uma literacia crítica, a qual, nas palavras de Azevedo (2006), “corresponde à capacidade para ler, escrever, analisar e interpretar o mundo de uma forma não ingénua…” (p.4). Na linha de pensamento deste autor, reconhecemos que “educar para a literacia implica […] desenvolver a atividade pedagógica para que o aluno, confrontado com usos múltiplos e polifacetados da língua, aprenda a exercitá-la numa pluralidade de contextos e situações, conhecendo-a […] de forma ativa” (Azevedo, 2006, p.3). A educação literária, que passou a ser consagrada como um domínio específico de referência das Metas Curriculares de Português(definidas pelo Ministério da Educação em abril de 2012), é seguramente um enorme desafio e tem de ser abraçado por todos os agentes educativos. Temos de encarar “a leitura literária como meio de propiciar experiências estéticas indispensáveis e fundamentais para a maturação dos alunos enquanto pessoas” (Reis et al, 2009, p.105). Neste sentido, salvaguardando uma certa ancoragem em documentos, relatórios oficiais e estudos referentes à problemática da educação literária, pretendemos levar os nossos ouvintes a uma fantástica viagem pelo bosque da literatura (alusão a No bosque do espelho de Alberto Manguel). Viajaremos, pois, seguindo um desassossegado voo que nos levará pela obra poética de autores como Gabriel Celaya e Miguel Torga, Sebastião da Gama e Manuel António Pina, José fanha e Álvaro Magalhães, e pela obra de grandes prosadores como José Saramago e Valter Hugo Mãe, Italo Calvino e Umberto Eco, Grabiel García Márquez e Luis Sepúlveda. Bibliografia Azevedo, F. (2006). Língua Materna e Literatura Infantil. Lisboa: Lidel. Bernardes, J. C., & Mateus, R. A. (2013). Literatura e ensino do português. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos. Llosa, M. V. (2012). A civilização do espetáculo. Lisboa: Quetzal. Magalhães, Á (1999). Infância, mito, poesia. In Malasartes. Cadernos de literatura para a infância e juventude. 1: 10-13. Manguel, A. (2009). No bosque do espelho: Uma viagem fantástica ao mundo dos livros. Lisboa: Dom Quixote. Pina, M. A. (2010). Por outras palavras: Mais crónicas de jornal. Porto: Modo de Ler. Nussbaum, M. (2010). Not for profit: Why Democracy needs the Humanities. Princeton University Press. Reis, C. et al (2009) (org.). Programa de português do ensino básico. Lisboa: Ministério da Educação/Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. | pt_PT |
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dc.identifier.citation | Teixeira, Carlos (2016). A educação literária: uma apologia da leitura. In Livro de resumos do XX Encontro Internacional de Reflexão e Investigação. Vila Real | pt_PT |
dc.identifier.isbn | 978-989-704-111-2 | |
dc.identifier.uri | http://hdl.handle.net/10198/17424 | |
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dc.peerreviewed | yes | pt_PT |
dc.publisher | Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro | pt_PT |
dc.rights.uri | http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ | pt_PT |
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