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Capital tradutológico e defesa da língua mirandesa

dc.contributor.authorFerreira, Sérgio
dc.contributor.authorMartins, Cláudia
dc.date.accessioned2018-04-30T14:45:58Z
dc.date.available2018-04-30T14:45:58Z
dc.date.issued2016
dc.description.abstractAs línguas minoritárias enfrentam barreiras internas e externas que impedem o seu desenvolvimento, devido à sua natureza de línguas e culturas não dominantes e à sua fraca representação (e representatividade) na política e na sociedade. A tradução de literatura canónica da cultura ou religião dominantes para a língua minoritária é de importância fulcral para a afirmação destas línguas, assim como para o acesso aos mais diversos meios de comunicação. A Catalunha surge como um exemplo de forte investimento na função destes meios e na utilização do catalão na rádio, televisão, teatro e cinema, a par da tradução que ocorre nestes meios (i.e. legendagem, dobragem e audiodescrição). Para além disso, não se deve negligenciar o peso da ciberesfera, que possibilita às línguas minoritárias entrarem no mundo virtual, por meio de blogs, páginas da Wikipedia, redes sociais e afins. Em 1999, estabeleceu-se legalmente o reconhecimento oficial dos direitos linguísticos da comunidade mirandesa, aproximadamente 100 anos depois de Leite de Vasconcellos ter produzido a obra Estudos de Filologia Mirandesa, evidenciando a ancestralidade e importância desta língua de origem asturo-leonesa. (cf. Vasconcelos, José Leite, 1900-1901). Depois desta data, o enquadramento legal para o mirandês e a sua normalização linguística foram estabelecidos, nomeadamente por meio do seu acordo ortográfico, que consolidou o ensino da língua. Quinze anos depois, em 2014, a Associação de Língua Mirandesa (ALM) foi refundada e transferida de Lisboa para Miranda do Douro, com o propósito de fomentar a investigação e o ensino da língua, assim como recolher e preservar o património imaterial, no qual a tradução não está diretamente implicada. Desta forma, na nossa perspetiva, ainda se vislumbra a necessidade de introduzir uma forte política linguística, dentro da qual um Departamento de Tradução possa estar inserido, com vista à revitalização da língua e à consolidação da sua literatura. Identifica-se também a ausência de um corpo de tradutores profissionais que sejam simultaneamente proficientes em português e em mirandês, uma vez que o ensino do mirandês se restringe grandemente a Miranda do Douro e como disciplina optativa. No entanto, a tradução de português e outras línguas estrangeiras para mirandês é desenvolvida por uma elite intelectual que investe nesta atividade aliada, por vezes, à produção também em mirandês. Este é o caso de Amadeu Ferreira, um académico de destaque que deixou de estar entre nós em março de 2015 e foi responsável por um número substancial de obras. O seu percurso é de particular relevância, não só porque o mirandês acusava a ausência de literatura canónica traduzida, na linha do que existe em português, mas também de literatura ficcional, sem deixar de referir obras de referência em termos lexicográficos e gramaticais. No cômputo das suas obras, são de referir a tradução para mirandês dos “Quatro Evangelhos”, “Lusíadas” de Luís Vaz de Camões e “A Mensagem” de Fernando Pessoa, obras de Horácio, Virgílio e Catulo e aventuras de Astérix. A par da tradução, escreveu igualmente ficção sob pseudónimos, que possibilitaram a expansão do património literário em mirandês. Colaborou ainda com meios de comunicação social regionais e escreveu textos em diversos blogs. Neste contexto, o nosso projeto direciona-se para a recolha de informação relativa a todas as obras traduzidas para mirandês, destacando as línguas das quais foram traduzidas, os tradutores que as realizaram e os seus perfis. Este exercício permitir-nos-á refletir criticamente sobre as obras que foram eleitas para tradução, as razões que possivelmente ditaram esta escolha e o impacto que estas produziram nesta comunidade linguística com aproximadamente 10 000 falantes. Todo este esforço de tradução e produção literária tem adiado o desaparecimento do mirandês, que tantos previam que já se tivesse verificado; mas será o mirandês capaz de sobreviver no século XXI?pt_PT
dc.description.versioninfo:eu-repo/semantics/publishedVersionpt_PT
dc.identifier.citationFerreira, Sérgio; Martins, Cláudia Susana Nunes (2016). Capital tradutológico e defesa da língua mirandesa. In Ecolinguismo e Línguas Minoritárias. Aveiro: Universidade de Aveiro, Departamento de Línguas e Culturas. p. 183-222. ISBN 978-972-789-496-3pt_PT
dc.identifier.isbn978-972-789-496-3
dc.identifier.urihttp://hdl.handle.net/10198/17498
dc.language.isoporpt_PT
dc.peerreviewedyespt_PT
dc.publisherUniversidade de Aveiro, Departamento de Línguas e Culturaspt_PT
dc.rights.urihttp://creativecommons.org/licenses/by/4.0/pt_PT
dc.subjectLínguas minoritáriaspt_PT
dc.subjectPolítica linguísticapt_PT
dc.subjectMirandêspt_PT
dc.subjectTradução de literatura canónicapt_PT
dc.subjectTradução para línguas minoritáriaspt_PT
dc.subjectAmadeu Ferreirapt_PT
dc.titleCapital tradutológico e defesa da língua mirandesapt_PT
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dspace.entity.typePublication
oaire.citation.conferencePlaceAveiropt_PT
oaire.citation.endPage222pt_PT
oaire.citation.startPage183pt_PT
oaire.citation.titleEcolinguismo e Línguas Minoritáriaspt_PT
person.familyNameMartins
person.givenNameCláudia
person.identifier.ciencia-id5E13-B7EA-F261
person.identifier.orcid0000-0002-3388-2340
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relation.isAuthorOfPublication4be85f99-b17e-4516-ae3d-b35381902076
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