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Abstract(s)
As zonas rurais de montanha, nas duas últimas décadas, experimentaram alterações sócio-económicas profundas que, entre outras consequências, implicaram adaptações e, até o desaparecimento, de alguns sistemas de agricultura. Neste cenário, o regime de ajuda à florestação de terras agrícolas de menor aptidão, cujo instrumento oficial é o Reg. (CEE) 2080/92, desempenha um papel importante. A arborização, em princípio, traz vantagens como a criação de zonas verdes, a diversificação de ecossistemas e a produção de produtos e matérias primas, algumas das quais deficitários na UE. Todavia, a sua aplicação é, quase sempre, contingente face à especificidade sócio-económica local e à interpretação que os promotores fazem da natureza e alcance dos programas.
A presente comunicação resulta de uma acção conjunta entre a Escola Superior Agrária de Bragança e o Parque Natural do Montesinho (PNM), concretizada através do trabalho de três estagiários, cujo objectivo principal foi avaliar o impacte da aplicação do Reg. (CEE) 2080/92 no Parque Natural de Montesinho. Os objectivos específicos foram os seguintes: (1) traçar o perfil do proprietário e ouvir a sua opinião em relação ao projecto; (2) avaliação individual do projecto: determinação das áreas com GPS e comparação com as áreas declaradas; determinação do uso do solo anterior à implementação do projecto; relação espécies preconizadas no projecto e espécies implementadas e proveniência das mesmas; verificação das técnicas de instalação executadas e do Plano Orientador de Gestão (POG); avaliação do estado actual do projecto (ponto de vista ecológico e produtivo, estado fitossanitário e danos causados por animais silvestres).
Quanto à metodologia fez-se uso de diferentes técnicas de investigação e tratamento de dados. A revisão bibliográfica assentou na consulta de obras, relatórios, estatísticas e documentos dos projectos. O trabalho de campo consistiu em visitas aos projectos, durante as quais se procedeu ao preenchimento de uma ficha de campo (técnica de observação) e realização de um questionário do tipo fechado. A visita tinha uma duração variável, entre 1 a 4 horas, dependendo do número, tamanho e distância entre as parcelas, do tamanho das parcelas do projecto e, ainda, das condições climáticas. Por vezes, a visita completa a um projecto prolongava-se por mais de um dia.
A primeira tarefa consistiu em identificar os projectos de facto realizados, relativos aos anos de 1994 a 1998 inclusivé, eliminando candidaturas repetidas (escolhíamos a mais recente), ou reformuladas. Chegamos assim a uma amostra aleatória de 20 projectos . Destes retiramos a localização, contacto do proprietário e informações acerca das parcelas que iriam ser cartografadas. A visita era feita em viatura oficial, acompanhados por um técnico do PNM. No campo procedia-se à delimitação das áreas de todas as parcelas do projecto, com recurso ao receptor GPS, tendo o cuidado de tirar mais pontos nos cantos das parcelas. Depois, procedia-se ao respectivo inquérito e à observação de campo com a ajuda de uma ficha de campo, verificando as espécies plantadas, o compasso, o estado fitossanitário (manchas foliares, doenças ou pragas), o estado do solo sob-coberto, o estado de desenvolvimento (homogeneidade, crescimento e vigor) e, ainda, os estragos provocados por animais silvestres.
Description
Keywords
Sustentabilidade Agricultura sustentada Projetos Florestais
Citation
Pereira, Fernando A.; Morete, Edite (2001). Aplicação do Reg. (CEE) 2080/92 (arborização de terras agrícolas) no Parque Natural do Montesinho-Nordeste de Portugal. In IV Colóquio Hispano-Português de Estudos Rurais. Santiago de Compostela, p. 1-15
Publisher
Sociedade Portuguesa de Estudos Rurais