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Tradicionalmente a remoção de metais pesados de efluentes é feita usando diversas técnicas (precipitação, electrólise, permuta iónica, osmose inversa, adsorção), normalmente dispendiosas e/ou pouco eficientes para soluções diluídas. A biossorção, processo em que materiais naturais ou seus derivados são usados na remoção e recuperação de metais pesados, proporciona um tratamento alternativo competitivo, pelo que os respectivos parâmetros cinéticos e de equilíbrio devem ser bem conhecidos, de modo a prevenir fracassos na sua aplicação.
Nesse contexto, este trabalho teve por objectivo estudar os processos de bioacumulação/eliminação e de biossorção de Cd(II), Cr(VI), Pb(II) e Zn(II) pelo musgo aquático Fontinalis antipyretica, espécie largamente dispersa nos lagos e rios Portugueses.
Os musgos aquáticos são capazes de acumular iões metálicos em solução aquosa e de libertá-los parcialmente quando expostos em água isenta de metal. Desempenham um papel importante na avaliação e na remoção de elementos tóxicos na água. A vantagem dos musgos relativamente a uma amostragem directa da água é que o seu uso permite uma integração de variações no espaço e no tempo, favorece o nível de quantificação do contaminante por concentração dos elementos tóxicos e fornece informação acerca das espécies biodisponíveis.
Foram realizadas treze experiências laboratoriais em contínuo para determinar as cinéticas de acumulação e libertação de metal pelo musgo. Um modelo cinético de transferência de massa de primeira ordem (modelo de dois compartimentos) foi ajustado aos resultados experimentais, para determinar as constantes de acumulação e de eliminação, k1 e k2, a concentração de metal nos musgos no fim do período de acumulação, Cmu, e no equilíbrio, para as fases de contaminação e descontaminação, Cme e Cmr, respectivamente. Foram determinados factores de bioconcentração, BCF = k1 / k2, e de eliminação biológica, BEF = 1 - Cmr / Cmu. Para avaliação dos mecanismos envolvidos no processo de acumulação global dos metais foram estudados o efeito da concentração do metal, do pH do meio, da temperatura, da intensidade luminosa, do estado fisiológico da biomassa (época de colheita), da natureza da biomassa (viva/morta), da dureza da água e da realização de ciclos de contaminação/descontaminação consecutivos.
Foram ainda realizadas experiências cinéticas e de equilíbrio em adsorvedor fechado, para avaliar o potencial do musgo como biossorvente de metais pesados em futuras aplicações industriais. Numa avaliação preliminar deste tipo de biossorvente, foi estudada a influência de alguns parâmetros operacionais, como o tempo de contacto, a concentração inicial de metal, a concentração de musgo usada e a presença de outros iões metálicos, na cinética de acumulação de Cd(II), Cr(VI), Pb(II) e Zn(II). Ajustaram-se diferentes modelos cinéticos – Lagergren, pseudo-segunda ordem, segunda ordem modificado de Ritchie, de Elovich e Sorção Dinâmica – aos resultados experimentais obtidos em adsorvedor fechado. O modelo de pseudo-segunda ordem foi o que conduziu ao melhor ajuste.
Nos ensaios de equilíbrio em sistema fechado foi avaliada a influência da concentração inicial de ião metálico, pH inicial, temperatura, dureza da água e natureza do sal de metal usado no processo de biossorção. Ajustaram-se quatro modelos de equilíbrio – Langmuir, Freundlich, Redlich-Peterson e Langmuir-Freundlich – aos resultados experimentais tendo-se obtido parâmetros estatisticamente significativos para os modelos de Langmuir e Freundlich. Para um nível de confiança de 95% qualquer dos dois modelos descreve adequadamente os resultados experimentais.
A eliminação de metais pesados em solução aquosa por biossorção em musgos aquáticos revelou-se um processo interessante, podendo ser aplicado na purificação de águas residuais industriais contendo metais. A capacidade máxima de biossorção de qualquer um dos iões metálicos é elevada, apresentando valores da mesma ordem de grandeza ou mesmo superiores aos obtidos com outros biossorventes.
Description
Keywords
Metais tóxicos Musgos aquáticos Biossorção Monitorização Efluentes Tratamento Fontinalis antipyretica Cinética Isotérmica
Citation
Martins, Ramiro (2004). Acumulação e libertação de metais pesados por briófitas aquáticas. Porto: FEUP. Tese de Doutoramento em Engenharia Química
Publisher
Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia