Browsing by Author "Sarmento, Sara Isabel Fernandes"
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- Impactos de pequenas obras de regularização nas comunidades de invertebrados e peixes da bacia hidrográfica do Rio Tua (Bacia do Douro, Portugal)Publication . Sarmento, Sara Isabel Fernandes; Teixeira, AmílcarSão conhecidos os impactos negativos da construção de grandes barragens no funcionamento de ecossistemas lóticos. No entanto, permanece por esclarecer a influência de pequenas obras de regularização em ecossistemas aquáticos de montanha, nomeadamente em vários rios do Nordeste Transmontano onde estão já implantados alguns Aproveitamentos Hidroelétricos, perspetivando-se, num curto prazo de tempo, a construção de mais alguns empreendimentos. O objetivo do presente trabalho consistiu na avaliação dos impactos dos Aproveitamentos Hidroelétricos das Trutas, Nunes, Torga e Rebordelo na qualidade ecológica dos cursos de água da bacia hidrográfica do rio Tua. Realça-se que os troços de cabeceira destes ecossistemas lóticos estão inseridos no Parque Natural de Montesinho, onde existem habitats singulares e espécies com elevado valor em termos de conservação. Na avaliação dos impactos ecológicos recorreu-se a um conjunto de metodologias que permitiram caracterizar: 1) a componente abiótica, caso da qualidade físico-química da água e da condição dos habitats aquático e ribeirinho e 2) a componente biótica, baseada na amostragem das comunidades de macroinvertebrados e de peixes, que seguiram os protocolos emanados pela Diretiva Quadro da Água. Deste modo, na primavera/verão de 2012 e 2013 foi avaliada a integridade ecológica a montante e jusante de cada uma das Mini-Hídricas, mais propriamente em 11 locais de amostragem distribuídos pelos rios Tuela, Baceiro, Rabaçal e Mente. A análise integrada dos vários parâmetros abióticos e bióticos foi suficientemente sensível e permitiu detetar modificações na qualidade biológica global dos cursos de água, em particular nos locais situados a jusante das mini-hídricas. Contudo, as métricas responsivas (e.g. abundância e composição de espécies, índices bióticos e de diversidade) alertaram apenas para uma ligeira diminuição na integridade dos sistemas aquáticos, uma vez que a qualidade ecológica (avaliada em 5 classes: má, medíocre, razoável, boa e excelente) nunca registou uma classificação inferior ao estado ecológico de Bom. No entanto, apesar do estado global do ecossistema não revelar sinais de perturbação preocupante, registou-se um decréscimo de algumas espécies mais ameaçadas nos troços situados a jusante das Mini-Hídricas, caso de alguns núcleos populacionais de mexilhão de rio (Margaritifera margaritifera). Paralelamente, foi também detetada a presença de espécies exóticas, como o lagostim sinal (Pacifastacus leniusculus) que recentemente sofreu uma dispersão acentuada na bacia hidrográfica do rio Tua, pela ação deliberada do Homem. A preservação dos habitats e das espécies autóctones requer, no futuro, uma vigilância continuada, a realizar através de programas de monitorização da qualidade da água, dos habitats e do biota e ainda o estabelecimento de medidas de gestão e ordenamento piscícola adequadas. Por fim, é ainda de realçar a necessidade de envolvimento das populações locais e dos visitantes da região, através da elaboração de programas de educação e sensibilização, de modo a garantir a conservação dos ecossistemas aquáticos do Nordeste Transmontano.