Browsing by Author "Fernandes, Ana Catarina Diegues"
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- Gestão da dor no doente crítico: atitudes, perceções e conhecimentos dos enfermeirosPublication . Fernandes, Ana Catarina Diegues; Baptista, GoreteEste relatório tem como objetivo refletir sobre o desenvolvimento das competências do enfermeiro especialista em enfermagem médico-cirúrgica, com foco no cuidado à pessoa em situação crítica. Além disso, inclui uma investigação sobre a gestão da dor no doente crítico, analisando as atitudes, perceções e conhecimentos dos enfermeiros sobre este tema. A primeira parte do relatório aborda o desenvolvimento de competências do enfermeiro especialista e mestre, destacando a importância da prática clínica para consolidar conhecimentos teóricos. Foram realizados três estágios clínicos em Unidade Local de Saúde - PPCIRA, Serviço de Medicina Intensiva e Urgência Médico-Cirúrgica, onde foram realizadas atividades fundamentais na aquisição de saberes para o desenvolvimento das competências fundamentais de enfermagem especializada na abordagem ao doente crítico. Durante esses estágios, de forma especifica e voltada para a temática de investigação em apreço, houve oportunidade de aprofundar conhecimentos sobre a gestão da dor, compreender a importância da sua avaliação sistemática e contínua e reconhecer as intervenções autónomas que podem ser aplicadas para minimizar o desconforto dos doentes. A dor é considerada pela Direção-Geral de Saúde (DGS) como o 5º sinal vital, sendo essencial a sua correta valorização e monitorização. Em Serviços de Medicina Intensiva, onde os doentes enfrentam quadros complexos de falência orgânica e recuperação difícil, a dor pode ser negligenciada, especialmente em pacientes sedados, que possuem dificuldade em comunicar. A avaliação e reavaliação contínua da dor, através de instrumentos validados e do registo detalhado das intervenções, é crucial para uma gestão mais eficaz e para evitar complicações como sofrimento desnecessário, impactos psicológicos negativos e atraso na recuperação funcional. Assim, a segunda parte do relatório refere-se à investigação realizada sobre a gestão da dor no doente crítico. Foi conduzido um estudo analítico, transversal e quantitativo, com uma amostra de 44 enfermeiros do Serviço de Medicina Intensiva da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE). Os dados foram recolhidos por meio de um questionário, aplicado nos meses de novembro e dezembro de 2023, respeitando os princípios éticos da investigação. A análise estatística foi realizada com o software IBM SPSS Statistics 26.0. Os resultados demonstraram que a formação dos enfermeiros na área da gestão da dor ainda é insuficiente: apenas 9,1% dos inquiridos frequentaram formação específica sobre dor no doente crítico, e 4,5% receberam formação geral na área da dor. Quanto à avaliação da dor, os instrumentos mais utilizados são as escalas de BPS (81,8%) e EN (77,3%). No entanto, apenas 9,1% dos enfermeiros avaliam a dor apenas quando o doente se queixa, o que sugere que a avaliação pode não ser sistemática. 79,5% dos enfermeiros avaliam a dor durante procedimentos invasivos, 77,3% quando o doente está sedado e 70,5% durante o posicionamento do paciente. A reavaliação da dor também apresenta fragilidades. Apenas 15,9% dos enfermeiros realizam a reavaliação a cada duas horas, sendo que 81,8% a realizam apenas uma hora após a administração de analgesia, 88,6% quando o doente refere dor, 79,5% após procedimentos invasivos e 75% após o reposicionamento do paciente. Apesar disso, verificou-se que os enfermeiros aplicam estratégias autónomas e interdependentes para a gestão da dor, o que indica que há conhecimento sobre o tema, mas a prática pode ser melhor estruturada. Quanto ao sistema de informação PaTIENT.CARE©, os enfermeiros consideram não pertinente a obrigatoriedade da avaliação da dor a cada duas horas, mas apoiam o registo obrigatório da localização, tipo de dor, irradiação e causa sempre que a dor é avaliada. Além disso, valorizam a associação do score da dor às intervenções autónomas de enfermagem. A análise estatística revelou associações significativas entre a valorização das queixas do doente e a perceção sobre o sistema de registos. Foi observado que os enfermeiros que consideram importante o registo sistemático da dor também tende a avaliar e reavaliar a dor de forma mais regular, em vez de apenas quando o doente está sedado ou analgesiado. Estes dados reforçam a importância da sensibilização dos profissionais para a necessidade de uma gestão contínua e estruturada da dor. Em conclusão, destaca-se que os estágios desempenharam um papel fundamental na aquisição e consolidação de competências do enfermeiro especialista, permitindo a aplicação prática dos conhecimentos teóricos adquiridos. Relativamente à investigação, conclui-se que os enfermeiros demonstram atitudes positivas na gestão da dor, mas há necessidade de maior investimento na formação profissional. A padronização da avaliação e reavaliação da dor, aliada a uma formação contínua, é essencial para garantir uma gestão eficaz da dor no doente crítico e, consequentemente, melhorar a qualidade dos cuidados prestados.
