Morais, Ana MariaNeves, IsabelPires, Delmina2018-02-092018-02-092001http://hdl.handle.net/10198/15643Esta investigação foi desenvolvida no âmbito de um projecto que tinha como finalidade a procura de modalidades de prática pedagógica mais favoráveis ao desenvolvimento científico e sócio-afectivo dos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico e de modalidades de formação de professores mais adequadas para implementar essa(s) prática(s). Enquanto parte desse projecto, a investigação centra-se na prática pedagógica escolar do 1º ciclo, nomeadamente, ao nível do contexto instrucional específico das ciências. Os principais objectivos consistiam em identificar modelo(s) de prática pedagógica mais favorável(eis) ao desenvolvimento científico e sócio-afectivo dos alunos do 1º ciclo e analisar a influência da prática pedagógica escolar na orientação específica de codificação (aquisição de regras de reconhecimento e de realização para contextos instrucionais específicos de ciências), no aproveitamento e no posicionamento dos alunos na escola. Utilizámos como suporte conceptual a teoria de Bernstein e alguns conceitos da teoria de Vygotsky e fundamentámo-nos em estudos já realizados pelo Grupo ESSA (Estudos Sociológicos da Sala de Aula) ao nível do 2º Ciclo do E. B. e do Jardim de Infância (Morais et al, 1992, 1993, 2000). A investigação diz respeito a uma amostra de 91 alunos do 1º ciclo (respectivos professores, pais e mães) que frequentaram no ano lectivo de 1996/97 o 3º ano de escolaridade e no ano lectivo de 1997/98 o 4º ano de escolaridade em escolas de duas cidades do interior do país. Os alunos, com idades compreendidas entre os 9 e os 10 anos e pertencentes a diferentes níveis sócio-económicos e culturais familiares, estavam distribuídos por 4 turmas (2 turmas em cada cidade) cada uma das quais ensinada por uma professora. Definimos um modelo de prática pedagógica com características que os estudos referidos sugeriam ser mais favoráveis ao sucesso dos alunos de diferentes níveis sócio-económicos e culturais familiares e, numa perspectiva de investigação-acção, trabalhámos com as professoras no sentido da implementação dessa prática. O trabalho subdivide-se em duas partes, uma relativa ao enquadramento teórico que fundamenta a pesquisa, e em que se procurou interligar as duas teorias que constituíram o suporte teórico da investigação e outra relativa ao estudo empírico com o qual se procurou testar as hipóteses formuladas e explicar os resultados em termos da teoria subjacente ao estudo. Observámos as aulas das professoras e caracterizámos a sua prática pedagógica em duas unidades experimentais de conteúdos de ciências - Mudanças de estado (1ª unidade) e Realizar experiências com ar (2ª unidade) - no que diz respeito ao que (competência científica das professoras ao nível dos conteúdos e das capacidades investigativas) e ao como (forma de transmissão) da prática, e estudámos a influência das características da prática pedagógica nas variáveis referidas (aproveitamento, orientação específica de codificação e posicionamento dos alunos na escola). Para além das variáveis relacionadas com o contexto escolar, demos também importância a variáveis do contexto familiar, nomeadamente, o nível sócio-económico e cultural familiar. Utilizámos diversos instrumentos de recolha de dados, devidamente pilotados, aplicados aos alunos, pais e professores (entrevistas, questionários, fichas de avaliação, registos audio e vídeo). Desenvolvemos dois estudos, um essencialmente quantitativo, em que, com base numa análise estatística, relacionámos as características da prática pedagógica realizada pelas professoras com o aproveitamento nas competências cognitivas simples e complexas, com a orientação específica de codificação e com o posicionamento dos alunos de diferentes níveis sócio-económicos e culturais familiares. Analisámos ainda a influência no nível sócio-económico e cultural familiar na relação entre a prática pedagógica e as variáveis em estudo. Num outro estudo, fundamentalmente qualitativo, relacionámos a prática pedagógica com o desenvolvimento de disposições sócio-afectivas necessárias à aprendizagem e estudámos os dados de seis alunos para, numa perspectiva global, relacionar as disposições sócio- -afectivas, o aproveitamento, a orientação específica de codificação e o posicionamento dos alunos de diferentes níveis sócio-económicos e culturais familiares. Os resultados sugerem que o aproveitamento, a orientação específica de codificação e o posicionamento dos alunos de diferentes níveis sócio-económicos e culturais familiares estão relacionados com as características da prática pedagógica realizada pelos professores. No que diz respeito ao que da prática, concluímos que esta perece ser a característica que mais influência tem no aproveitamento dos alunos ao nível das competências cognitivas complexas. No que diz respeito ao como da prática, são características facilitadoras do sucesso de todos os alunos, ao nível do contexto instrucional, um enquadramento muito forte nos critérios de avaliação, um enquadramento forte na selecção e na sequência e um enquadramento muito fraco na ritmagem, bem como uma classificação fraca nas relações intradisciplinares. Ao nível do contexto regulador, um enquadramento muito fraco nas regras hierárquicas aluno/aluno, bem como uma classificação fraca na relação entre espaços professora/aluno. Concluímos também que estas características da prática pedagógica são facilitadoras do desenvolvimento de disposições sócio-afectivas nos alunos que, por sua vez, estão relacionadas com a aquisição de regras de reconhecimento e de realização (a orientação específica de codificação), com o aproveitamento dos alunos, nomeadamente nas competências cognitivas complexas e com o posicionamento dos alunos na escola.por1º Ciclo do Ensino BásicoPrática pedagógicaDesenvolvimento científico e sócio-afectivo dos alunosCompetências cognitivas complexasOrientação específica de codificaçãoContexto instrucional das ciênciasPráticas pedagógicas inovadoras em educação científica: estudo no 1.º ciclo do ensino básicodoctoral thesis