Miguel, Ana FláviaMeersschaert, GodelieveDelgado, EuniceRosário, António2011-02-212011-02-212010Miguel, Ana Flávia; Meersschaert, Godelieve; Delgado, Eunice; Rosário, António (2010). A magia da dialogia: o Kola San Jon no Kova M. In Congresso SIBE+ "Músicas e Saberes em Trânsito". Lisboa: Reitoria da Universidade Nova de Lisboa. p. 33-34http://hdl.handle.net/10198/3452O conceito de dialogia tem ocupado um lugar complexo e multi-situado nos estudos antropológicos e etnomusicológicos. No discurso académico, monológico por definição, o investigador disputa um diálogo solitário entre o trabalho de campo e a escrita, entre o seu universo de estudo e outros universos de estudo ao convocar outros teóricos. Este trabalho já é, em si, dialógico no sentido em que diferentes discursos são confrontados e constituem um ponto de partida. Mas, o centro vital do pensamento dialógico, célula a partir da qual as narrativas ganham voz e onde todas as construções de tecidos e de relações são realizadas é o trabalho de campo. O conceito de dialogia, proposto por Bakhtin (1981), e adoptado pelas ciências sociais e humanas passou rapidamente para a esfera etnomusicológica onde algumas metáforas musicais bakhtianas parecem transformar-se em metonímias; em Bakhtin, a metáfora “polifonia” é usada para salientar a diversidade de vozes existente num texto. Em Etnomusicologia, a tradição dialógica bakhtiana parece ter ganho um novo terreno e uma nova direcção em projectos como o que o Laboratório de Etnomusicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu no Complexo da Maré. A presente proposta procura partilhar uma experiência de trabalho de campo desenvolvido no Bairro do Alto da Cova da Moura (Kova M), em Lisboa, a partir do estudo sobre o género musical Kola San Jon e outros comportamentos expressivos a ele associados. No Kova M, a narrativa é cantada a várias vozes, numa “polifonia” complexa e colorida. O Kola San Jon, prática expressiva e performativa cabo-verdiana, semeia pontes identitárias com Cabo Verde assim como a presença de uma líder na diáspora transporta os imigrantes para um espaço e para ligações efectivamente lusófonas. Neste contexto cultural, a multiplicidade de retóricas existentes reclamam uma representação da diversidade de diálogos e de memórias; tudo isto se consegue através da música. E a etnomusicóloga congrega de alguma forma a garantia desse percurso simbólico em que a música parece ser a chave para a identidade e acrescenta, embora validada pelo terreno, a sua própria narrativa. É sobre esta experiência de trabalho desenvolvido em clara dialogia entre Janeiro de 2008 e Julho de 2009 que a nossa proposta de comunicação se inscreve.porPráticas dialógicas em EtnomusicologiaMúsicaKola San JonKova MA magia da dialogia: o Kola San Jon no Kova Mconference object