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A comercialização da castanha

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(...) quanto essa abenƧoada arvore se desfaz em beneficios para o homem! Quer dos seus fructos quer da sua madeira, ella distilla perenne riqueza: ā€œpingaā€ sempre! (...) mas só mais tarde eu conheci que as suas ā€œpingasā€, juntas, produziam grossa chuva de oiro na minha provĆ­ncia (MagalhĆ£es, 1910:184). ƀ semelhanƧa daquela Ć©poca, actualmente, a comercialização da castanha vem representando uma das principais receitas das exploraƧƵes agrĆ­colas do Interior Norte de Portugal. O objectivo subjacente a esta comunicação Ć© o de distinguir um dos recursos endógenos vegetais de excepcional importĆ¢ncia, sobretudo no Nordeste Transmontano – a castanha – e sua comercialização. Averiguou-se o perfil do agricultor, bem como os aspectos relacionados com a produção, a concentração e a comercialização do fruto. Isto foi possĆ­vel nĆ£o só mediante a anĆ”lise de dados oficiais, como tambĆ©m, atravĆ©s do contacto directo com os actores intervenientes na fileira. Os aumentos na Ć”rea e correlativos incrementos da produção da castanha portuguesa, a denominação de origem, o peso das exportaƧƵes nacionais, o valor comercial intrĆ­nseco Ć s espĆ©cies monospĆ©rmicas transmontanas, a mudanƧa dos hĆ”bitos alimentares europeus (que cada vez mais incluem a castanha na sua gastronomia) a ecologia, entre outras potencialidades, justificam plenamente um olhar sobre a fileira da castanha e sua cadeia de valor. Na complexa engrenagem do sistema de comercialização de castanha, os agentes distribuem-se por vĆ”rios elos da cadeia de valor, incorporando diferentes serviƧos e funƧƵes. Os produtores adoptam entre si mĆŗltiplas estratĆ©gias na venda da castanha, permanecendo nesta fase, sob a dependĆŖncia de diversos tipos de intermediĆ”rios. Os ajuntadores concentram localmente a produção para a venderem por grosso aos armazenistas-exportadores. Estes, distribuem a castanha por lotes de diferentes variedades e calibres e executam o tratamento do fruto (limpeza e desinfestação) para posterior distribuição no mercado interno e externo. Os magusteiros (retalhistas) compram o fruto a granel ao produtor, a fim de o distribuĆ­rem no mercado nacional a outros retalhistas de menor dimensĆ£o. Os agentes de controlo no destino, residentes essencialmente no Brasil, FranƧa, ItĆ”lia e Espanha, recebem a castanha dos armazenistas e distribuem-na no paĆ­s de destino. O valor acrescentado obtido com a castanha em Portugal Ć© mais comercial do que industrial. Existe uma preocupação mĆ­nima com a transformação da castanha – onde, em adição aos processos de graduação e desinfestação mencionados, se verifica apenas em duas agro-indĆŗstrias, o descasque, a despela e a congelação da castanha. Para alĆ©m destas operaƧƵes, nĆ£o ocorre mais nenhuma transformação fĆ­sica do fruto, ao qual, mais nenhum valor de laboração Ć© atribuĆ­do. Concluiu-se que, para alĆ©m dos problemas fitossanitĆ”rios do castanheiro, da carĆŖncia de um cadastro, do dĆ©fice em mĆ£o-de-obra, bem como a inexistĆŖncia de iniciativas associativas por parte dos agricultores, os constrangimentos no elo produtivo poderiam ser atenuados, pela transposição da barreira do individualismo e pela constituição de organismos associativos coesos, por forma a permitirem o aumento do valor acrescentado da castanha na origem. A distribuição de benefĆ­cios ao longo da cadeia de valor pouco tem conduzido ao desenvolvimento e diversificação das actividades do agricultor, que poderia integrar, embora de forma limitada, os elos comerciais e industriais que se situam a jusante. As acƧƵes a desenvolver no seio da fileira poderiam passar, pois, por uma mudanƧa de atitudes, de modo a gerar consensos entre os vĆ”rios elos da cadeia de valor, visando sobretudo a selecção das variedades de castanha a produzir (regionais ou normalização dos calibres), os tratamentos a efectuar (via quĆ­mica ou via hĆŗmida), a redução da especulação e a dinamização do associativismo.

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Keywords

Castanha portuguesa Valor comercial Circuitos Agentes

Citation

Semana das Ciências AgrÔrias. VII. Bragança, 2006

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Instituto PolitƩcnico de BraganƧa. Escola Superior AgrƔria

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