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Abstract(s)
Propomo-nos, com a nossa comunicação, reflectir sobre a escrita de uma das vozes da lusofonia mais traduzidas em todo o mundo, o escritor moçambicano Mia Couto. Porque a
nossa área de investigação e especialização é a literatura para a infância, escolhemos a obra: O Gato e o Escuro, uma incursão do autor, ao que sabemos sem continuidade, no
mundo da literatura destinada aos mais novos. Através da análise temática e técnico-compositiva desta obra, pretendemos fazer uma sensibilização para a escrita criativa deste
autor, plena de neologismos e recursos expressivos, o que faz com que ele seja responsável por uma “reinvenção” da língua portuguesa, que é simultaneamente una e múltipla, pois
que se encontra espalhada por vários continentes. Pretendemos, também, com a nossa breve reflexão, sublinhar a importância assumida pela literatura para infância, como uma área
autónoma da criação literária, eleita também por autores consagrados, tal como o escritor por nós escolhido.
“-Dentro de cada um há o seu escuro. E nesse escuro só mora quem lá inventamos.
Somos nós quem enchemos o escuro com os nossos medos.”
Couto, 2006: p16
António Emílio de Leite Couto, de seu nome completo, viria a adoptar o nome literário de Mia Couto, em parte porque o seu irmão, quando pequeno, tinha dificuldade em
pronunciar o seu nome completo e o chamava pelo diminutivo “Mia”, mas também porque este escritor sempre nutriu uma enorme paixão por gatos. Tendo, ainda criança, no seio da
família, chegado a manifestar o seu desejo de ser um deles. Mia Couto é moçambicano, tendo nascido na cidade da Beira em 1955, filho de uma família de emigrantes portugueses.
Ele é considerado um dos nomes relevantes da nova geração de escritores africanos que escrevem em português. Este estatuto foi conquistado, não só pelo modo como descreve e
trata os problemas e a vida quotidiana do Moçambique contemporâneo, mas principalmente devido à criatividade poética da sua criação literária, numa constante descoberta de
novas palavras que resultam num processo de “mestiçagem”, como ele próprio refere, entre o português erudito e as várias formas e variantes dialectais introduzidas pelas
populações moçambicanas. Há quem o considere uma espécie de mágico da língua, porque no acto criativo apropria, recria e renova a língua portuguesa em novas direcções.
Quanto ao seu percurso foi desde 1974, durante alguns anos, director da Agência de Informação de Moçambique, seguidamente dirigiu o jornal Notícias de Maputo e a revista
Tempo. Posteriormente, estudou Medicina e Biologia e actualmente é biólogo.
A escrita tem sido sempre a sua paixão, envolvendo, desde a poesia, em que se estreou em 1983 (A Raiz do Orvalho), até à escrita jornalística, presente no livro que reúne as
crónicas escritas para o jornal Notícias de Maputo, passando pela prosa e a ficção. As questões do modo ou do género literário em que se exprime não são para o autor decisivas,
uma vez que ele escreve basicamente “pelo prazer de desarrumar a língua.” (Couto, 2002)
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Citation
Guerreiro, Carla Alexandra do Espírito Santo (2008). Mia Couto e o gato e o escuro: a escrita “brincriada” de um autor lusófono. In 7º Colóquio Anual da Lusofonia. Bragança: Câmara Municipal de Bragança.p. 65-70. ISBN 978-989-95891-0-0
Publisher
Câmara Municipal de Bragança