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Abstract(s)
A introdução de cobertos vegetais em culturas perenes, também designada de
enrelvamento das entrelinhas, é uma técnica cultural com reconhecidas vantagens.
O coberto vegetal protege o solo da erosão, promove o sequestro de carbono no solo
aumentando o seu teor em matéria orgânica e favorece a transitabilidade de tratores
e equipamentos agrícolas. Se forem usadas leguminosas é introduzido azoto no solo
que pode dispensar a aplicação de fertilizantes azotados. Contudo, em pomares de
sequeiro, como acontece na generalidade do olival transmontano, a técnica tem de
ser vista com particular atenção. Os cobertos competem pelos recursos, em particular
pela água. Alguns estudos mostraram que a introdução de cobertos vegetais reduz a
produção de azeitona. Assim, em olival de sequeiro, as espécies usadas nos cobertos
vegetais devem apresentar ciclos biológicos assincrónicos com o das oliveiras, i.e., o
seu desenvolvimento deve ocorrer no período outono/inverno, quando as oliveiras se
encontram em repouso vegetativo. Por outro lado, devem ser usadas espécies leguminosas,
que possam aceder a azoto atmosférico e contribuir para o incremento da
fertilidade do solo. O uso de gramíneas nos cobertos é dispensável. Mesmo semeando
só leguminosas, logo que a disponibilidade de azoto no solo melhora, a grande dificuldade
do olivicultor passará a ser o controlo das gramíneas (espontâneas) nos cobertos.
Neste trabalho resumem-se alguns dos resultados mais relevantes obtidos nos últimos
anos em ensaios de campo em que se ensaiou a introdução de leguminosas anuais de
ressementeira natural e ciclo curto em olival de sequeiro. Os estudos incluíram 11
espécies/cultivares cultivadas em estreme e em mistura. Os resultados mostraram
que os cobertos bem estabelecidos podem acumular na parte aérea quantidades de
azoto a variar entre 50 e 180 kg N/ha dependendo da espécie/cultivar e do ano. Em
consequência, as oliveiras cultivadas em talhões com leguminosas atingiram teores
de azoto nas folhas e produtividades superiores a tratamentos com vegetação natural
em que se aplicaram 60 kg N/ha. A proteção do solo mostrou-se eficaz durante todo o
ano, na medida em que persiste à superfície um coberto de vegetação viva de outubro
até abril e um mulch de material morto durante o fim da primavera e o verão. A
atividade biológica do solo e a ciclagem de nutrientes, em particular azoto e carbono,
aumentaram significativamente. Contudo, foi registado um resultado menos positivo
e mais ou menos inesperado. O teor de carbono no solo na camada subsuperficial (10-
20 cm) reduziu-se no talhão de leguminosas. Parece que o azoto inorgânico gerado à
superfície pode atingir camadas inferiores e promover a atividade biológica do solo
também nessas camadas, sendo o ritmo de degradação da matéria orgânica nativa
superior à deposição de novo substrato orgânico introduzido pelo sistema radicular
das plantas. Estudos futuros deverão dar particular atenção a este aspeto devido ao
seu significado ecológico.
Description
Keywords
Cobertos vegetais Olival de sequeiro Leguminosas anuais Produção de azeitona Estado nutricional das oliveiras Fertilidade do solo
Pedagogical Context
Citation
Rodrigues, M.A.; Ferreira, Isabel Q.; Arrobas, Margarida (2015). Introdução de leguminosas pratenses em olival de sequeiro: balanço de quatro anos de investigação. In XXXVI Reunião de Primavera da SPPF. Vila Pouca de Aguiar. ISBN 978-972-745-185-2
Publisher
Instituto Politécnico de Bragança
