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Pretende-se problematizar a noção de diário (numa perspectiva genológica) tendo em conta a vitalidade actual na edição de diários juvenis. Efetivamente, no âmbito da literatura preferencialmente destinada a um público adolescente ou jovem, temos assistido a um aumento – muito significativo – da publicação de obras que se apresentam (através do paratexto que é o título) como diários, embora a sua leitura implique repensar as características genológicas deste género textual. Acresce que este tipo de narrativas tem merecido uma particular atenção por parte do público leitor, pelo que algumas delas têm ocupado sistematicamente um lugar no top de livros mais vendidos (o caso mais evidente é o de Diary of a wimpy kid de Jeff Jinney – editado em Portugal com o título O diário de um banana).
Reconhecendo a relevância que este tipo de texto tem merecido (por parte dos jovens leitores), pretende-se levar a cabo uma leitura destes diários realçando a sua particularidade como produtos culturais indelevelmente marcados pela mundialização, neste “reino da hipercultura” – usando a expressão de Lipovetsky. Um dos traços mais sistematicamente referido como caracterizados da sociedade ocidental contemporânea tem sido o individualismo. Ora o diário, sendo um espaço privilegiado para a escrita do eu (Saramago definiu-o como “um espelho de confiança”), abre-se e abre-nos para a reflexão sobre as representações que os sujeitos fazem do mundo e para aquelas que fazem de si perante o mundo (as autorrepresentações). Nesta linha, propõe-se, nesta comunicação, uma reflexão sobre o processo de reformulação genológica do diário, a qual nos levará à definição das características do “diário ficcional”. Assistimos, nos últimos anos, a uma divulgação / edição (por todo o mundo ocidentalizado) de alguns diários juvenis de autores norte-americanos. Tais diários transformaram-se em objetos de consumo massificado – vivemos uma época de globalização da economia cultural. Em consequência, assistimos a uma reiteração desse modelo (de grande sucesso comercial) por autores latino-americanos – dois exemplos: Diario de um pardillo (texto de Jordi Sierra I Fabra e ilustração de Romeu) e O diário do Manzarra (texto de Sérgio Fernandes e ilustração de Chico Bolila). A questão que se nos coloca é a de compreender como é que a diversidade cultural é equacionada no jogo de identidades gerado por estas produções diarísticas de carácter ficcional.
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Keywords
Diário juvenil Globalização Literatura ibero-americana
Citation
Teixeira, Carlos (2013). A diarística juvenil contemporânea: multiculturalidade e globalização na literatura ibero-americana. In Bernal, C. Reverte (Ed.) Diálogos culturales en la literatura Iberoamericana. Madrid: Editorial Verbum. p. 1559-1576. ISBN 978-84-7962-964-9